Tiago Pitta e Cunha não acreditou logo que tinha recebido a "incrível distinção" de ser o vencedor do Prémio Pessoa 2021. O jurista que há duas décadas é um defensor persistente da preservação dos Oceanos diz que "o mérito é de uma agenda que veio ao encontro de toda a gente". Mas é mesmo ele o galardoado com o prémio deste ano, uma iniciativa conjunta do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos
"É muito prestigiante e estou muito agradecido por esta incrível distinção", diz Tiago Pitta e Cunha, numa primeira reação ao facto de ter sido o vencedor do Prémio Pessoa 2021. Jurista de formação, fez toda uma carreira em torno da ideia de que a proteção ambiental passa também - e sobretudo - pela defesa dos Oceanos. Das Nações Unidas, em Nova Iorque , até Lisboa, com passagem por Bruxelas e pelos centros de decisão da União Europeia, o administrador executivo da Fundação Oceano Azul acredita que os mares são um tesouro a preservar, mas também uma fonte de desenvolvimento económico.
"Esta agenda em que trabalho há muitos anos tem vindo a ganhar muita relevância a nível global e, também, em Portugal", diz Tiago Pitta e Cunha. Em 2003, era então o recém nomeado coordenador da Comissão Estratégica dos Oceanos, colaborou com uma edição especial da revista do Expresso totalmente dedicada à preservação dos mares. "Nunca me esqueço dessa revista", que incluía fotografias aéreas de toda a costa portuguesa, "numa altura em que esse era um não-assunto, apesar de sermos o país com a maior zona marítima exclusiva".
De então para cá, há "um percurso vertiginoso" de consciencialização da importância dos mares e dos Oceanos, diz o responsável da Fundação Oceano Azul. E a "agenda" da defesa das zonas marítimas "veio ao encontro de toda a gente", com a tomada de consciência, aos poucos generalizada, de que "temos de mudar o modo como nos relacionamos com a Natureza e, claro, com os Oceanos". O Prémio Pessoa 2021 é "um reconhecimento", mas Tiago Pitta e Cunha considera que "o mérito é mais desta 'agenda'" do que do seu "trabalho propriamente dito".
Os 60 mil euros que constituem o valor do Prémio Pessoa 2021 não têm ainda destino traçado. Na verdade, o vencedor "não fazia ideia" sequer do valor do prémio que lhe tinha sido atribuído, depois de ter sido informado da decisão através de um telefonema feito por Francisco Pinto Balsemão, o presidente do júri e fundador do Pessoa. "Esta distinção dá mais força. A mim e ao meu trabalho", garante Tiago Pitta e Cunha.
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