"O mar não pode esperar." A frase é um mote que Tiago Pitta e Cunha, jurista de 54 anos, usa recorrentemente nas suas intervenções públicas. A defesa dos Oceanos tornou-se há duas décadas um combate pessoal, que traçou em várias frentes e muito para lá do plano jurídico. Foi delegado, conselheiro e representante de Portugal e da União Europeia para os Assuntos do Mar junto das Nações Unidas. Trabalhou no Comissariado Europeu para os Assuntos Marítimos e coordenou a nova política integrada da União Europeia sobre esta matéria. Foi também consultor do então Presidente da República Cavaco Silva e coordenador da Comissão Estratégica que definiu a política nacional dos Mares.
Em 2017, ajudou a criar a Fundação Oceano Azul, uma organização não governamental de defesa ambiental dos mares, de que é hoje administrador executivo. A tarefa de proteger os Oceanos é gigantesca e, começa, desde logo, pela "literacia", ou seja, por ensinar o bê-à-bá da defesa da Natureza que passa, também, pela proteção das zonas marítimas. "As pessoas têm uma perceção errada das condições ambientais dos oceanos", diz. A ideia de que os mares estão doentes e que "não aguentam tudo" o que a Humanidade lhes tem vindo a fazer suportar é um desafio, ou uma espécie de missão, que Tiago Pitta e Cunha quer levar a cabo.
O caderno de encargos desta tarefa é grande. É preciso "alterar políticas, leis, comportamentos, hábitos, consumos, estilos de vida e até valores", disse numa das conferências que proferiu recentemente. "Questionar o futuro dos Oceanos é questionarmo-nos a nós próprios e perguntar como chegámos até aqui?".
O júri do Prémio Pessoa reconheceu o mérito do trabalho desenvolvido por Tiago Pitta e Cunha, sublinhando o seu empenho na defesa dos Oceanos e integrando o seu nome na lista de galardoados que, desde 1987, destaca o trabalho e a obra de personalidades portuguesas das Artes, da Cultura e da Ciência. Este ano, o Prémio - que é uma iniciativa do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos - tem o valor de 60 mil euros.
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