Prémio Pessoa

Laureada Prémio Pessoa 2020 - Elvira Fortunato

Laureada Prémio Pessoa 2020 - Elvira Fortunato
Tiago Miranda

A cientista que inventou a eletrónica transparente e a eletrónica do papel foi escolhida pelo júri do Prémio Pessoa, uma iniciativa conjunta do Expresso e da Caixa Geral de Depósitos que distingue a personalidade das Artes, Ciência ou Cultura que, em cada ano, se destaca pela sua obra

Elvira Maria Correia Fortunato tem 56 anos e nasceu em Almada. Licenciada em Engenharia de Materiais, catedrática da Faculdade de Ciências e Tecnologia e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, junta a partir de hoje ao seu vasto curriculum o Prémio Pessoa 2020. É a sétima mulher e, também, a sétima cientista, a ser distinguida com o maior galardão atribuído em Portugal à personalidade das áreas da Ciência, Artes ou Cultura cuja obra mais se tenha destacado em cada ano.

Na declaração de anúncio do vencedor, em baixo, Francisco Pinto Balsemão destaca o “trabalho pioneiro” de Elvira Fortunato.

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Conhecida pelos seus trabalhos nas áreas da chamada eletrónica transparente e eletrónica do papel, Elvira Fortunato concentrou toda a sua investigação numa área pioneira a nível mundial, que permitiu a aproximação da ciência aos objetos do dia a dia, acessíveis a todos. A descoberta do papel como condutor de eletricidade (a partir de material reciclado embebido em óxidos metálicos) permite, por exemplo, a criação de painéis, baterias ou transístores de uso quotidiano. As suas descobertas estão já patenteadas em vários países e são usadas no fabrico de ecrãs ou mesmo de painéis fotovoltaicos em miniatura que permitem, por exemplo, a sua aplicação em guarda-sois capazes de carregar o telemóvel durante uma estadia na praia.

A aproximação do trabalho da Academia às empresas é uma das principais originalidades desta investigadora, que, entre outras descobertas, permitiu a utilização de sensores eletrónicos aplicados em simples embalagens para monitorização precisa do estado de conservação dos produtos até ao consumidor final.

Ao longo da última década, foram vários os prémios recebidos por Elvira Fortunato, que, em outubro do ano passado, confessava em entrevista ao Expresso já lhes ter perdido a conta. "São muitos, umas dezenas", dizia, na altura em que celebrava a conquista do Horizon Impact Award, um prémio atribuído pela Comissão Europeia para distinguir projetos de inovação científica com impacto na sociedade. Em causa, estava a criação de ecrãs ecossustentáveis, feitos a partir de materiais abundantes e com os quais é fácil produzir ecrãs de telemóveis, tablets e computadores que preenchem a vida das sociedades modernas.

O prémio, no valor de 60 mil euros, é bem menor do que muitos dos que já alcançou, sobretudo quando comparado com as duas bolsas avançadas pelo Conselho Europeu de Investigação, no valor de 6 milhões de euros, que pela primeira vez foram atribuídas a uma equipa de investigação portuguesa.

"Eu não trabalho para prémios. Aliás, a maior parte dos prémios que recebi foram-me atribuídos, não fui eu que concorri", garante Elvira Fortunato. E o Prémio Pessoa junta-se a este leque.

Num ano atípico, a pandemia mudou a tradição do Prémio Pessoa. O júri, presidido pelo fundador do galardão e do Expresso, Francisco Pinto Balsemão, costuma reunir-se no Palácio de Seteais. Desde a data da sua criação, em 1987, que o Prémio é atribuído em dezembro e anunciado a uma sexta-feira. Mas, dado o agravamento da pandemia, pela primeira vez na sua história o Pessoa foi adiado e só agora, com três meses de atraso, foi anunciado o vencedor. Dado o estado de emergência que vigora no país, a reunião do júri decorreu de forma digital e dirigida, por Pinto Balsemão, a partir de Laveiras, onde se encontra a redação do Expresso e da SIC.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: RLima@expresso.impresa.pt

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