A meta é duplicar receitas até 2035

Estratégia. A queda do Governo impediu a apresentação da nova Estratégia de Turismo, mas não arrefeceu as ambições. Depois dos últimos recordes, o novo objetivo é chegar a 54 mil milhões de euros
Estratégia. A queda do Governo impediu a apresentação da nova Estratégia de Turismo, mas não arrefeceu as ambições. Depois dos últimos recordes, o novo objetivo é chegar a 54 mil milhões de euros
Jornalista
Depois de 2024 ter sido ano de recordes e de Portugal ter atingido os objetivos que apenas estavam previstas para 2027, rapidamente foi colocado em marcha o processo para delinear a Estratégia Turismo 2035, anunciada como “um novo referencial estratégico para o turismo em Portugal, permitindo enfrentar os novos desafios que se colocam ao país, à Europa e ao Mundo”. Para tal, realizaram-se reuniões com as diferentes regiões e outros agentes do sector. O plano deveria ser apresentado na BTL — Better Tourism Lisbon Travel Market, mas acabou por ficar na gaveta e guardado para nova oportunidade tendo em conta a demissão do Executivo.
A atual situação política interna não arrefeceu, no entanto, o otimismo e a ambição, alicerçados nos bons resultados já alcançados em janeiro, nas novas rotas e mercados, e conjuntura internacional, que continua a beneficiar a atratividade do país. “Com base nos cálculos dos dados hoje disponíveis, face àquilo que é um acréscimo de 10 anos para novas metas, apontamos que, se Portugal chegou a 27 mil milhões de euros de receitas em 2024, em 2035 podemos rondar entre 50 a 54 mil milhões”, anuncia Pedro Machado, secretário de Estado de Turismo. O governante reforça que o valor indicado é “claramente um objetivo, resultado daquilo que é a previsão perante o crescimento homólogo de 2025 face a 2024”.
Se no último ano se atingiram máximos históricos, os primeiros dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística indicam que em janeiro foram registados 1,6 milhões de hóspedes e 3,7 milhões de dormidas, que representam crescimentos de 8,3% e 6,3%, respetivamente.
Mesmo com a Estratégia 2035 adiada, Pedro Machado garante que todo o sector se mantém em andamento: “Não é pelo facto de termos um intervalo que vão calcinar o trajeto que o turismo faz, em particular pelas empresas, com o caminho perfeitamente definido, planos de ação e orçamentos previstos para 2025.” O governante está também confiante na estratégia de alargamento a novos mercados e no crescimento de turistas dos Estados Unidos, México, Argentina e Austrália.
Mantendo todo o plano de atuação, o Turismo de Portugal continua a afinar a Estratégia 2035, com Carlos Abade a antecipar o traço fundamental da nova abordagem: “Olhar para o turismo não como um fim, mas sim como um forte instrumento de transformação social que permite impactar positivamente as pessoas.” E lembra que já estão a ser apresentados vários projetos que fomentam a interação entre as comunidades e o sector, como o Prémio Nacional de Turismo, e nos quais são abordados os “temas da inclusão e da autenticidade, crescimento em valor e turismo responsável”, e ao fazê-lo foca-se “implicitamente aquilo que são os traços da nova Estratégia”.
Com os diversos planos a decorrer, as várias Entidades Regionais de Turismo confirmam o otimismo no crescimento, não só em 2025, mas também nos anos seguintes. José Manuel dos Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, espera, até 2030, aumentar para 40% o peso das dormidas de turistas internacionais na região. Para atingir os objetivos delineados, o Alentejo tem um plano de ação com três eixos de atuação. Primeiro “desconcentrar a oferta turística para o turismo ser uma atividade de toda a região, especialmente no interior”. O segundo, que “cria produto turístico nas zonas onde não existe”, é interligar e dinamizar “investimentos privados com ativos públicos”. Por fim, “reforçar a internacionalização”.
Já Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, está confiante em atingir a meta de oito milhões de visitantes já em 2025 e, para tal, aposta no “enoturismo, turismo de natureza, digitalização do destino e promoção externa nos mercados”.
Ao longo de cinco dias, a 35ª edição da BTL — Better Tourism Lisbon Travel Market foi a capital do sector turístico nacional e o local escolhido para a apresentação da sétima edição do PNT — Prémio Nacional de Turismo. Entre as novidades destaca-se a criação de duas categorias: Turismo Azul e Turismo Comunitário.
O Prémio Nacional de Turismo (PNT) destaca e dá visibilidade a projetos no sector. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o apoio institucional do Turismo de Portugal, IP, e o apoio técnico da Deloitte.
Projetos turísticos onde o elemento “água” é parte integrante do modelo de negócio, através de ambientes aquáticos naturais, como o mar, os oceanos, as zonas costeiras, os rios, os lagos, as albufeiras.
Projetos que impactem positivamente a melhoria da qualidade de vida da comunidade e estimulem a colaboração e a comunicação com os turistas.
Projetos que apresentem oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais.
Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização da gastronomia regional e nacional.
Projetos comprometidos em garantir que os turistas, independentemente de condições físicas, sensoriais, cognitivas ou outras, possam desfrutar das riquezas culturais e naturais.
Candidaturas efetuadas até 31 de maio exclusivamente online, na página do Prémio Nacional de Turismo, em www.premionacionaldeturismo.pt
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