Turismo é exemplo na poupança de água

Jornalista
Em Faro, esta quarta-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, fez um público elogio aos operadores turísticos do Algarve, que desde o início do ano contribuíram para uma “redução muito significativa” do consumo de água — 21%, resultado de uma estratégia de “sensibilização, novos hábitos e metodologias amigas da boa gestão” dos recursos hídricos. Confirma-se desta forma o esforço que o sector tem feito para mitigar os efeitos da seca e melhorar a eficiência hídrica através de ações de sensibilização dos turistas, mas também com medidas concretas complementares das políticas de poupança já implementadas por diversos empreendimentos.
Anunciada ainda pelo anterior Governo, a linha +Eficiência Hídrica Algarve, dotada de €10 milhões, faz parte de um conjunto de medidas aprovadas para promover a racionalização do uso de água e funciona como um incentivo à adesão ao selo Save Water, um compromisso iniciado em março, em coordenação com o Instituto do Turismo de Portugal e a Agência para a Energia (ADENE). Ainda por disponibilizar está o programa Turismo + Sustentável, gerido pelo Banco Português de Fomento, que prevê a disponibilização de €50 milhões para apoiar investimentos no âmbito da gestão de energia, água, resíduos e biodiversidade em todo o país. No entanto, e apesar de estar inserido no Programa Empresas Turismo 360°, lançado em 2021, ainda não há data prevista para o dinheiro começar a chegar às empresas.
O presidente do Turismo do Algarve, André Gomes, revela que até 15 de maio 99 empreendimentos turísticos já tinham iniciado o processo de adesão, dos quais 76 já estão em situação de cumprimento do respetivo plano de ação e reporte de consumos. “Os aderentes representam cerca de 25% do número total de camas em empreendimentos turísticos no Algarve. É um resultado interessante para o período de tempo inferior a dois meses, desde a apresentação das iniciativas do turismo para a eficiência hídrica no Algarve”, refere o responsável pelo turismo na região algarvia. Ressalva, no entanto, que ainda não é possível saber quanto já se conseguiu poupar. “O impacto económico só poderá ser avaliado no final do ano, comparando os consumos de água registados em 2024 com os consumos do ano anterior”, esclarece.
Os únicos dados conhecidos são de 2019. Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), o volume total usado pelo cluster do turismo no Algarve é de cerca de 12% do volume captado na região, “pelo que aumentar a eficiência nesta área terá certamente impacto na redução da escassez hídrica”. A responsável da ADENE espera que o número de empreendimentos associados ao compromisso Save Water aumente e acredita que o incentivo financeiro do Turismo de Portugal é “fundamental para motivar mais adesões e uma forma de nos tornarmos mais resilientes e nos adaptarmos às alterações climáticas”.
Até ao momento, os concelhos que lideram as adesões ao Save Water são Lagoa, Loulé, Portimão e Albufeira, e, embora a certificação esteja disponível para várias tipologias de empreendimentos turísticos, foram maioritariamente hotéis e aparthotéis que abraçaram o compromisso. “Candidatámos todas as nove unidades no Algarve e todas já têm o selo atribuído. Há mais de 10 anos que todos os hotéis seguem uma estratégia transversal dedicada à poupança de água”, refere Pedro Azeitona, do departamento de qualidade e ambiente do grupo Vila Galé. “Em termos acumulados, temos vindo a poupar 10% a 15% de água”, explicita.
Para o Vila Vita Parc Resort & Spa, uma das medidas mais significativas na poupança de água foi a implementação, desde 2015, de um sistema de dessalinização da água do mar que dá resposta aos lagos, piscinas e sistema de rega. “Com uma dimensão de 23 hectares, sendo que mais de metade são espaços verdes, o sistema de dessalinização é o que tem uma expressão mais significativa”, refere André Matos, diretor de qualidade, adiantando que apenas usam 30% de água da rede. “O sistema de dessalinização permite captar 24 metros cúbicos de água do mar, o que ao final do ano pode ser ilustrado como cerca de 900 piscinas de 650 metros cúbicos de água”, exemplifica. E deixa ainda algumas recomendações para a poupança de água: “Existem barragens que podem e são um meio importante, mas não estão a ser usadas. Por exemplo, os transvases que foram projetados quando se construiu a barragem do Alqueva para o Algarve ainda não foi implementado nenhum. Estes temas poderiam estar de facto já ultrapassados se houvesse mais ação”, conclui.
Tudo o que tem de saber sobre o PNT
O Prémio Nacional de Turismo (PNT) destaca os melhores e dá visibilidade a projetos com valor no sector do turismo em Portugal. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o alto patrocínio do Ministério da Economia e do Mar, o apoio institucional do Turismo de Portugal, I.P., e o apoio técnico da Deloitte.
Turismo Autêntico Projetos que apresentam oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais.
Turismo Gastronómico Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização e promoção da gastronomia regional e nacional.
Turismo Inclusivo Projetos que promovam um reforço da relação com o consumidor através da comunicação ou de iniciativas que visem a sua inclusão e fidelização.
Turismo Inovador Projetos que apresentem uma oferta inovadora e a utilização de ferramentas e meios digitais para a comunicação, distribuição e análise do desempenho.
Turismo Sustentável Projetos que se distingam pela sustentabilidade ambiental, económica e responsabilidade social subjacentes à estratégia de médio/longo prazo.
Para se habilitar a vencer o PNT apresente a sua candidatura até 31 de maio de 2024. Acompanhe tudo em https://expresso.pt/premio-nacional-turismo/
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