Portugal cresce como destino de casamento

Valor médio investido por matrimónio entre estrangeiros situa-se nos €30 mil, mas pode chegar aos €200 mil, excluindo viagens e estada. Lisboa, Algarve e Douro são as regiões mais procuradas
Valor médio investido por matrimónio entre estrangeiros situa-se nos €30 mil, mas pode chegar aos €200 mil, excluindo viagens e estada. Lisboa, Algarve e Douro são as regiões mais procuradas
Jornalista
O turismo associado aos casamentos entre estrangeiros tem vindo a aumentar, focado no luxo e em detalhes incomuns. Como cerimónias em desfiladeiros nas lagoas dos Açores, festas a que se acede de barco no Algarve, fatos de mergulho e um elefante pedido ao circo, que são algumas extravagâncias de quem procura o país pelo clima, segurança e relação qualidade-preço.
Em 2019, o segmento gerou um valor estimado em €158 milhões, traduzindo-se num gasto médio de €25 mil por festa, excluindo despesas de viagem e alojamento. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2023 realizaram-se 36.980 casamentos em Portugal. Destes, 7532 são de casais estrangeiros ou em que um tem outra nacionalidade. Porém, para o Turismo de Portugal (TdP) os dados ficam muito aquém da realidade, já que o país é destino para a celebração simbólica, “embora o enlace oficial, religioso ou civil, decorra no país de origem”. À falta de dados oficiais, o TdP cita um estudo elaborado por diversos fornecedores, apontando o valor médio de uma cerimónia em €30 mil, o que representa mais de €200 milhões anuais. “Temos cerimónias de 20 a 350 pessoas, sempre internacionais. Cada vez mais Portugal é destino para casamentos de luxo devido ao clima, localização, excelente comida e serviço de qualidade”, diz Liliana Sousa, events manager no Tivoli Carvoeiro. Os pedidos chegam sobretudo da Irlanda, Reino Unido e EUA, principal mercado em 2024.
Regista-se um aumento da procura proveniente do Brasil, Angola, Alemanha, Países Baixos e França. “Brasil, EUA e Índia são mercados com grande potencial de crescimento”, refere o TdP, acrescentando que as regiões de Lisboa, Algarve e Douro são as mais procuradas pelos “turistas de casamento”, enquanto as do interior são as favoritas dos “portugueses no mundo” e dos lusodescendentes.
André Gomes, presidente da Associação de Turismo do Algarve (ATA), confirma que têm aumentado os locais para eventos, prestadores de serviços, agências e empresas de animação a trabalhar neste segmento, que pode integrar também despedidas de solteiro e luas de mel. “Temos muito interesse em posicionar o Algarve como wedding destination, mercado muito procurado por turistas do Reino Unido, Irlanda e mais recentemente dos EUA, bem como portugueses não residentes”, indica. Paula Grade, cofundadora da Algarve Wedding Planners, a primeira agência a operar profissionalmente na região, conta que no início, há 18 anos, organizou quase 40 casamentos, com um investimento de apenas €300. Hoje, para um casamento de 100 pessoas não cobra menos de €40 mil, e para 2025 já tem agendadas 80 cerimónias, 65 entre estrangeiros. “O turismo de romance movimenta muito dinheiro, só não se dá o devido valor”, destaca, contando que recentemente organizou um enlace para 200 pessoas que ficaram uma semana de férias. No Pine Cliffs, em Albufeira, onde decorre uma média de 35 bodas anuais, há “um aumento da procura de ano para ano, principalmente do mercado americano”, aponta Jude Rodrigues da Silva, complex director of sales. Os preços começam nos €245 por pessoa.
Além do Algarve, onde até já existe uma pastoral do turismo com padres formados para casamentos estrangeiros, há localizações cada vez mais procuradas. “A procura tem aumentado. Fazemos de 30 a 35 casamentos por ano”, revela Silvia Vasconcelos, wedding planner da Get Married in Azores, que fez o primeiro casamento deste género em 2017. “Antes era residual. Atualmente, 75% dos casamentos são para estrangeiros”, conta, acentuando que o total investido situa-se entre os €40 mil e os €50 mil, fora estada e viagem. Nos Açores, os locais eleitos são São Miguel e a ilha Terceira, mas há pedidos para o Pico. Também na Madeira, nos hotéis Savoy Palace e Saccharum, a tendência é de crescimento e investimento: “O volume já justifica atenção redobrada”, revela a cadeia. “Em média, cobramos de €150 a €300 por pessoa, apenas em comida e bebidas.” Nas Pousadas de Portugal, do grupo Pestana, em cenários históricos como castelos e mosteiros, “o número de casamentos e a receita gerada tem vindo a aumentar, embora dependa muito da região”, apontando a Pousada Mosteiro Amares, no Norte, onde o preço por convidado é de €150, e a Pousada Palácio de Estoi, no Algarve, que cobra €195.
A época favorita para o enlace é entre abril e outubro, com maior incidência no verão, revela o TdP. Na Europa, o mercado de “casamentos de destino” deve crescer a uma taxa anual de 19% entre 2023 e 2033, calcula a agência global Future Marketing Insights. A expectativa é de que as vendas aumentem duas vezes mais na próxima década, sendo Portugal apontado como um destino “a emergir entre os mais populares da Europa.”
Tudo o que tem de saber sobre o PNT
O Prémio Nacional de Turismo (PNT) destaca os melhores e dá visibilidade a projetos com valor no sector do turismo em Portugal. A iniciativa do Expresso e do BPI conta com o alto patrocínio do Ministério da Economia e do Mar, o apoio institucional do Turismo de Portugal, I.P., e o apoio técnico da Deloitte.
Turismo Autêntico Projetos que apresentam oferta abrangente e equilibrada do ponto de vista territorial, bem como da utilização de recursos locais.
Turismo Gastronómico Projetos que se destaquem por oferta gastronómica diferenciada e autêntica, alicerçada na valorização e promoção da gastronomia regional e nacional.
Turismo Inclusivo Projetos que promovam um reforço da relação com o consumidor através da comunicação ou de iniciativas que visem a sua inclusão e fidelização.
Turismo Inovador Projetos que apresentem uma oferta inovadora e a utilização de ferramentas e meios digitais para a comunicação, distribuição e análise do desempenho.
Turismo Sustentável Projetos que se distingam pela sustentabilidade ambiental, económica e responsabilidade social subjacentes à estratégia de médio/longo prazo.
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