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Caso gémeas: Marcelo já disse oficialmente à comissão de inquérito que não vai responder

Marcelo Rebelo de Sousa e Aguiar-Branco
Marcelo Rebelo de Sousa e Aguiar-Branco
José Sena Goulão/LUSA

Presidente já tinha anunciado decisão na quinta-feira, mas só formalizou com carta enviada ao Parlamento na sexta

A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras já recebeu oficialmente a resposta do Presidente da República de que não vai voltar a pronunciar-se sobre a matéria. A resposta de Marcelo de Rebelo de Sousa chegou à comissão parlamentar através do gabinete do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.

"Na sequência das minhas cartas de 31 de julho e de 14 de janeiro de 2025, não existindo quaisquer novos dados de facto respeitantes à intervenção do Presidente da República, entende o Presidente não haver matéria justificativa de pronúncia sua", lê-se no documento ao qual a Lusa teve acesso. Marcelo Rebelo de Sousa responde assim à comissão que, na passada sexta-feira, disse que continuava a aguardar uma resposta formal do chefe de Estado, apesar de este ter dito na quinta-feira que não ia voltar a falar sobre o assunto.

Abertura do novo ano judicial, no Supremo Tribunal de Justiça, com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, do Procurador Geral da República Amadeu Guerra, do Presidente do Supremo João Cura Mariano, da Ministra da Justiça Rita Júdice, da bastonária da Ordem dos Advogados Fernanda Pinheiro e o Presidente da AR, José Pedro Aguiar Branco
ANTONIO P FERREIRA

De acordo com o documento a que Lusa teve acesso, a resposta chegou à comissão ainda na sexta-feira.

"Fiz a minha ponderação e, perante o facto de não haver novos dados de facto que respeitem a qualquer intervenção do Presidente da República, eu entendi que não há matéria sobre a qual me pronunciar", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Culturgest, em Lisboa.

O chefe de Estado referiu que esperou "este tempo todo, um ano e meio, que surgissem novos factos, que eventualmente tivessem a ver com a intervenção do Presidente da República" e terminados os testemunhos na comissão parlamentar de inquérito "não apareceu, até agora, nenhum facto".

"Está tomada a decisão: não me pronuncio, por falta de matéria sobre a qual me pronunciar. E, portanto, vou enviar ao senhor presidente da Assembleia da República -- é o mínimo de cortesia que é devido -- a minha resposta", acrescentou o Presidente da República.

Interrogado se não considera que os portugueses esperavam ouvi-lo sobre este assunto, Marcelo Rebelo de Sousa contrapôs: "Os portugueses percebem que eu só posso pronunciar-me se houver matéria que me disser respeito no sentido de envolver a minha influência ou a minha intervenção. Não havendo matéria, não me vou pronunciar".

Quanto a possíveis críticas que lhe possa receber por esta decisão, comentou: "A política é feita disso. Quer dizer, quem não está preparado para ouvir críticas, não está preparado para intervir politicamente".

O Presidente da República disse que tomou esta decisão "há dois dias ou três" e rejeitou a ideia de que a comissão parlamentar de inquérito lhe tivesse feito "um ultimato", comentando: "Nem sei qual ultimato".

Nos termos da lei, o chefe de Estado não pode ser obrigado a depor em comissão parlamentar de inquérito.

A comissão de inquérito tinha decidido pedir ao presidente da Assembleia da República que contactasse novamente o Presidente da República e lhe pedisse para dizer se até 07 de fevereiro iria pronunciar-se.

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