Depois das palavras ditas ao embaixador palestiniano, no Bazar Diplomático - “desta vez foi alguém do vosso lado que começou. E não devia", disse-lhe Marcelo perante as câmaras -, o Presidente da República voltou a falar da retaliação de Israel contra o Hamas em Gaza, mas desta vez para corrigir o tiro e dar um passo atrás. As ações de ambos os lados, disse Marcelo Rebelo de Sousa, calibrando o discurso, têm “em comum uma coisa condenável”: A ideia, já veiculada por "Francisco Louçã, de que é intolerável a ideia de culpa coletiva, que um povo deve ser punido porque alguém agiu de forma condenável".
Marcelo respondia, agora na Feira do Cavalo, na Golegã, a uma pergunta dos jornalistas citando uma reação do Bloco, partido co-fundado por Louçã, a dizer que a conversa do Presidente com o embaixador palestiniano “envergonha Portugal”. Se uma hora antes afirmara que "o radicalismo gera mais radicalismo e desta vez o radicalismo começou por parte de alguns palestinianos”, na Golegã o Presidente pôs mais peso nos outros pratos da balança.
“Neste caso específico, o ataque terrorista, como se deu, serviu como pretexto que não facilita a nossa finalidade de ter dois Estados”, explicou-se Marcelo. O ataque “dá pretexto aos que são adversários disso”, ou seja os conservadores israelitas do Governo de Benjamin Netanyahu.
A seguir, disse o que não tinha dito antes, na interação diante das câmaras com o diplomata palestiniano, quando tomou a parte pelo todo e usou o pronome “vocês”: “Os palestinianos todos não se podem confundir com um grupo específico”, ou seja, o Hamas, corrigiu.
“A nossa palavra é sempre a mesma”, continuou o Presidente. “Portugal acha que deve haver dois Estados, que devem conviver pacificamente”. E argumentou que “tudo o que dificulta isso seja do lado israelita ou palestiniano”, é prejudicial para a paz, anotando agora que, “dos dois lados houve grupos radicais que em determinado momento não favoreceram esse caminho”.
O Presidente acabou agora a criticar os governos israelitas, nomeadamente o atual: “Também aconteceu do lado radical de Israel, como criar colonatos e ocupar determinado tipo de território”.
No entanto, ressalvou, “atos da maior violência, como atos terroristas, a acabam por servir como pretexto”.
Rematou a citar António Guterres, o secretário-geral da ONU, au dizer que “o direito humanitário é violado quer por quem mata crianças, mulheres e vítimas inocentes, quer quem ataca e causa mortes e crianças mulheres e vítimas inocentes”. Resta agora saber se o embaixador de Israel também reagirá às advertências de Marcelo.
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