Com a Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL) agendada para 1 e 2 de fevereiro, Rui Rocha ainda não desfez o tabu sobre a sua recandidatura, apesar de já ter sido encerrado o capítulo do Orçamento. Em contrapartida, a oposição interna acelera o passo, estando já a decorrer um processo de eleições primárias no movimento “Unidos pelo Liberalismo” para escolher um candidato à liderança do partido, que substituirá Tiago Mayan.
O conselheiro nacional da IL e atual porta-voz do movimento Rui Malheiro já avançou com uma candidatura, confirmou o próprio ao Expresso: “Mediante o que saiu do Conselho Nacional, no sábado, e face ao estado do partido, senti-me na obrigação de assumir a candidatura à liderança. Entendo que reúno as condições e espero contar com o apoio dos membros do movimento”, afirma.
Não foi propriamente uma surpresa a candidatura de Malheiro, uma vez que o conselheiro nacional da IL garantiu logo que estaria “disponível para assumir" o que o movimento entendesse, na sequência da polémica da falsificação de assinaturas do ex-presidente da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, no Porto, que deixou órfão o movimento. E a seguir a Mayan, Malheiro é um dos liberais com mais visibilidade dentro e fora do movimento e uma das vozes mais críticas da atual direção do partido.
Mas há quem tenha dúvidas sobre se o candidato terá um perfil "agregador": "Não tem a projeção externa que tinha Mayan e é mais polémico", ouve o Expresso de um membro da corrente alternativa à atual liderança. "Não é tão consensual", concorda outro membro do movimento, ainda que lhe reconheça o espírito "liberal" e "combativo".
O processo das primárias arrancou no domingo, um dia após o Conselho Nacional da IL, na Batalha, que definiu a data e aprovou o regimento da reunião magna eletiva, e terminará com o anúncio dos resultados no próximo dia 10 de dezembro. Até esta quinta-feira (dia 5) qualquer membro do movimento pode submeter uma candidatura, que deve ser acompanhada com uma declaração de intenções, sendo que dois dias depois serão anunciados os candidatos, que irão a votos no dia 9. O vencedor será eleito por maioria simples.
O calendário é apertado, uma vez que o movimento já tinha iniciado um primeiro processo de auscultação aos membros com vontade de avançar para a corrida interna, mas sem sucesso. O objetivo é encontrar um novo candidato à liderança da IL, que possa começar a escolher os membros da sua lista para a comissão executiva (direção) e delinear a Moção de Estratégia Global. Tarefas que estavam já encaminhadas com Mayan, que se preparava para anunciar no dia 16 de novembro, em Lisboa, a sua equipa para a direção.
“A partir de dia 10 entende-se que há legitimidade para a assunção da liderança do movimento, que acabará um pouco por herdar todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido. Depois das eleições internas há que formar uma equipa e avaliar todas as condições para avançar para uma candidatura”, acrescenta Rui Malheiro.
O porta-voz do movimento confessa estranhar a demora do anúncio da recandidatura de Rocha e das listas da direção para outros órgãos, como o Conselho Nacional da IL, orgão máximo entre as Convenções, responsável por acompanhar e orientar a estratégia política do Partido adotada na reunião magna. "Não avança o Rui, nem outro candidato do lado da Comissão Executiva. Continua tudo fechado em copas e agora já não se percebe, estando já arrumado o assunto do Orçamento", critica, notando que faltam dois meses para a Convenção Nacional e a campanha interna só "perde" com a ausência de debate.
"Na verdade, serão menos de dois meses, porque dezembro é um mês meio morto, com as Festas. Em relação à data da Convenção houve unanimidade até pela questão das autárquicas. Mas contámos todos que haja tempo para a discussão interna", insiste.
A IX Convenção Nacional da IL decorrerá entre 1 e 2 de fevereiro na área metropolitana de Lisboa e servirá para eleger os membros da próxima direção e dos restantes órgãos nacionais. O regimento da reunião magna foi aprovado no sábado pelos conselheiros nacionais com 52 votos a favor e duas abstenções.
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