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Mariana Mortágua insiste em demissão da ministra da Saúde e acusa-a de "permeabilidade a interesses privados"

Mariana Mortágua insiste em demissão da ministra da Saúde e acusa-a de "permeabilidade a interesses privados"
NUNO BOTELHO

A coordenadora do Bloco de Esquerda insistiu no pedido de demissão de Ana Paula Martins e de toda a sua equipa ministerial. Além disso, apontou o dedo a Eurico Castro Alves, responsável pelo plano de emergência para a saúde, pelos negócios com o setor privado

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, acusou a ministra da Saúde e a sua equipa de "permeabilidade a interesses privados e corporativos" do setor, além de "incompetência", insistindo na sua saída do executivo. "O problema da equipa ministerial da saúde é um problema de incompetência, mas é também um problema de permeabilidade a interesses privados e a interesses corporativos particulares", acusou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na Assembleia da República, esta quarta-feira, dia 13.

A dirigente bloquista concretizou a acusação, afirmando que o plano de emergência para a saúde do executivo foi elaborado pelo antigo secretário de Estado do XX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho, Eurico Castro Alves, que "lidera a lista que ganhou a Ordem dos Médicos a norte". "Dessa lista da Ordem dos Médicos a norte saiu o próprio Eurico Castro Alves, que é o autor do programa de emergência nomeado pela ministra, saiu a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, o CEO do SNS, António Gandra de Almeida, e sai ainda o presidente do grupo que vai organizar as urgências obstétricas, Caldas Afonso", enumerou.

Mariana Mortágua acrescentou ainda que a secretária de Estado da Saúde e a ministra "já tinham prestado serviços no passado para a empresa privada de consultoria de Eurico Castro Alves". "Eurico Castro Alves, que é a mesma pessoa que está envolvida no lançamento de uma seguradora privada que pretende ser uma das maiores seguradoras privadas do país. Que é acionista do Lapa Care, uma empresa que gere um hospital privado a Norte. Que está nos corpos sociais da Misericórdia do Porto, que é a Misericórdia que recebeu 65 milhões pela gestão do Hospital da Prelada para ficar com serviços que o Estado não faz, num inovador centro de atendimento clínico e, portanto, o Estado está a pagar 65 milhões à Prelada da Misericórdia do Porto para fazer casos menos graves e nos órgãos sociais da Misericórdia está Eurico Castro Alves", salientou.

Mariana Mortágua continuou, afirmando que Eurico Castro Alves "faz consultoria de canábis medicinal para empresas privadas depois de ter sido presidente do Infarmed". "É este é o grupo, um grupo que está diretamente ligado à lista de ordem dos médicos a Norte, que entrou em todos os principais cargos do Ministério da Saúde liderado por Ana Paula Martins e que está ligado a negócios privados, consultoria privada em torno de uma mesma figura que é Eurico Castro Alves", sustentou.

As ligações de Eurico Castro Alves já tinham sido expostas num artigo publicado no esquerda.net intitulado “Eurico Castro Alves, sombra de ministra, “o melhor de dois mundos” na Saúde”. Na passada terça-feira, Mariana Mortágua divulgou as informações do artigo, num vídeo partilhado nas redes sociais do Bloco de Esquerda, onde disse que o médico e a sua equipa “assentaram arraiais" no Ministério da Saúde e, por isso, os bloquistas irão ficar “atentos aos próximos episódios” daquilo que considerou ser um “enorme conflito de interesses”.

Agora, a coordenadora do BE voltou a defender que "as decisões do Ministério têm que ser lidas à luz de quem as toma e do grupo de pessoas que as toma". Por isso, Mariana Mortágua insistiu no pedido de demissão de Ana Paula Martins, que alargou a toda a sua equipa ministerial, e voltou a criticar as opções da governante em vários momentos, nomeadamente na gestão da crise no INEM.

Mariana Mortágua acusou ainda Ana Paula Martins de "prepotência e arrogância". "Estamos a falar de uma ministra que sempre que alguma coisa corre mal, diz que a culpa é de uma administração hospitalar, de um presidente de uma instituição ou da própria secretária de Estado. E que é incapaz de assumir responsabilidades que vão acontecendo em diversas áreas. Eu penso que a atuação da ministra está a assumir proporções que nos devem levar a refletir sobre a política do Governo, sobre quem toma estas decisões e sobre toda a equipa que está a gerir o destino do SNS", insistiu.

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