Promete construir consensos e gosta de se apresentar como o candidato moderado à liderança do PS. Em entrevista ao Expresso, José Luís Carneiro defende uma política de poupança do Estado para investimentos futuros e não se compromete com contagens de serviços de professores – duas das principais diferenças para com o seu adversário. Estará disponível para dialogar a construção e a consensualização de “opções orçamentais” com a esquerda e com o PSD, mas remete quaisquer alianças futuras para os órgãos partidários.
Leu o artigo de Cavaco Silva ? Concorda que as contas certas não devem ser um fim em si mesmo?
A nossa abordagem é de que as contas certas integram-se numa visão de compromisso em relação ao futuro. Entendemos que devemos deixar um país às futuras gerações e evitar uma tutela financeira internacional.
O que é para si contas certas?
Compreendo o que disse Cavaco Silva, assim como a outra candidatura, que a dívida pública, o déficit ou superavit orçamental constituem uma variável de relação com o crescimento da economia, como é evidente. Contudo, é desejável que o país continue com uma trajetória de redução da dívida e, se possível, com superavit. Agora, no Orçamento, o Ministro das Finanças encontrou um instrumento da maior relevância, que é um fundo de financiamento do investimento público. Não só estamos a conseguir a redução da dívida, o que significa que libertamos recursos para financiar as funções sociais do Estado e a economia, como também estamos a conseguir assegurar no futuro o investimento público.
Faz sentido haver superavit quando ainda há estrangulamentos em serviços públicos como saúde, educação. Não há um contrassenso nisto?
No SNS, a questão não está em mais recursos financeiros, está na organização e gestão. Reforçámos o financiamento e temos uma reforma em curso que visa dar resposta à melhoria da organização e eficácia na gestão.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt