“Vamos lá falar de saúde”, começou por dizer Marta Silva, vice-presidente do Chega, na abertura do último dia das jornadas parlamentares do partido, em Matosinhos. O primeiro dia foi dedicado à justiça e crescimento económico, este foi totalmente dedicado ao estado do SNS: as deficiências na gestão do sistema, a “falta de condições de trabalho”, a inexistente “valorização das carreiras”, a ineficácia de um ministro da Saúde demissionário.
Com vários profissionais de saúde e dirigentes sindicais do sector entre os oradores, os diagnósticos foram divergindo – mas abordaram-se temas como a transição digital do SNS ou o modelo de financiamento dos hospitais, muitas vezes com profundidade técnica assinalável. O debate andou à volta de questões como “Portugal tem muitos médicos ou não?”, “O acesso à profissão deveria ser alterado?”, ou “o SNS é prejudicado ou beneficiado pela oferta privada?”, por exemplo.
Sobre esta última pergunta, o deputado Pedro Frazão deixou outra: “Há um plano para tornar o SNS menos atrativo e assim transferir os seus profissionais e clientes para o privado?”, questionou o membro da comissão de saúde e vice-presidente do partido. Minutos antes, Almeida Dias, presidente do conselho de administração da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) tinha justamente defendido o regresso das PPP, que “demonstraram ser um ganho para hospitais e utentes”.
Ou seja: a poucas semanas do sexto congresso em apenas quatro anos, que servirá para Ventura confirmar a liderança e apresentar as listas de candidatos à AR, o Chega começou a discutir políticas públicas e a divergir sobre os caminhos a escolher. No dia anterior, a diferença de pontos de vista já tinha ficado clara quando o deputado Filipe Melo e o economista Luís Maia discordaram sobre a descida do IMI, por exemplo.
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