Montenegro encostou o PS à esquerda para ocupar o centro com políticas sociais-democratas, mas também com uma espécie de humildade: tudo apontado para contrastar com Pedro Nuno Santos. Cheira a poder, mas a vitória, no máximo, inicia um mini-ciclo
“Já cheira a poder, pá! Já cheira a poder!”, entusiasmava-se um militante para um companheiro ao frio, às nove da noite, já fora do Pavilhão de Almada, minutos depois de, finalmente, o Congresso do PSD ter aquecido com a intervenção de Carlos Moedas, que levantou os delegados, a chegada-surpresa apoteótica de Cavaco Silva e o discurso final de Luís Montenegro, escrito para ocupar o centro, o lugar da moderação e da humildade pessoal, anti-Pedro Nuno, anti-Ventura e distante das memórias de Pedro Passos Coelho.
Ao fim de onze horas de comício, com uma parte da manhã a discutir o sexo dos anjos - a revisão dos estatutos do partido -, Luís Montenegro sai de Almada a precisar de invocar todos os bons auspícios do amuleto que Nuno Morais Sarmento lhe espetou na lapela no momento mais emotivo do congresso: um pin do PPD oferecido por uma militante, que foi usado por Sá Carneiro em 1979, ano da vitória da AD.
A estratégia, agora será apostar tudo no voto útil, para secar a Iniciativa Liberal - que do ponto de vista da liderança do PSD tem um líder mais fraco que o anterior -, mas sobretudo fazer face à ameaça do Chega: prometer que só faz governo se ganhar as eleições faz parte da dramatização (mas quanto aos cenários já lá vamos).
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