Multiplicam-se as reações aos comentários do ministro da Cultura, que, numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias divulgada este domingo, equipara alguns dos deputados envolvidos na comissão parlamentar de inquérito à TAP a “uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80”.
A deputada do PS Alexandra Leitão afirmou “rever-se inteiramente” nas declarações do presidente da CPI, António Lacerda Sales, que já este domingo tinha dito à Lusa que as declarações do ministro da Cultura são uma "falta de respeito" e exigiu uma retratação.
“Foram declarações francamente infelizes para um ministro da República”, afirmou a deputada na CNN. "Foram declarações que contribuíram muito pouco para a saúde das instituições democráticas"
E acrescentou: "Acho que são declarações que um ministro da República não faria se não tivesse maioria absoluta, o que também nos deve levar a pensar. E diria mesmo que muitas das circunstâncias mais complexas que aconteceram na comissão foram proporcionadas por eventos que aconteceram no quadro do próprio Governo."
Já Isabel Moreira recorreu ao Twitter para manifestar apoio à reação de António Lacerda Sales. “Muito bem”, escreveu a também deputada do PS.
Mais à esquerda, Pedro Filipe Soares recorreu à mesma rede social para acusar as declarações de Pedro Adão e Silva de serem uma forma de “desviar as atenções” de “mais um escândalo no Governo”. “Esta é a cultura da coordenação política do Governo: não resolve os seus próprios problemas nem os do país e acha que somos parvos”, escreve o deputado do Bloco de Esquerda que fez parte da CPI.
Já Bernardo Blanco considerou que as declarações de Adão e Silva revelam “muito pouca cultura democrática”, mas disse compreender o “desconforto” causado pelo relatório. “O que se torna óbvio para a IL é que o senhor ministro da Cultura tem muito pouca cultura democrática. Caso contrário, assumiria os erros do governo em vez de atacar os deputados, a CPI e a própria instituição do Parlamento”, disse o deputado da IL à TSF. “A CPI divulgou muitas coisas. Divulgou um filme de terror socialista, a ingerência política socialista na TAP, a interferência dos serviços secretos e as cenas lamentáveis de pancadaria no ministério, pagamentos milionários irregulares.”
O deputado, que fez parte da CPI, acrescenta: "Infelizmente, os portugueses pagaram bem caro por esse filme, mas o Partido Socialista parece que viu outro filme. E o senhor ministro da Cultura, já que está nessa ótica de comentador, talvez também pudesse comentar o relatório da CPI e todas as omissões. Tudo aquilo que não está lá e devia estar. Nas últimas semanas temos visto o ministro da Cultura a dar muitas entrevistas e a fazer muito comentariado. E não tanto a agir como ministro da Cultura e se calhar convém relembrá-lo que a sua posição agora é de ministro."
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