6 maio 2023 23:39

O primeiro almoço entre os líderes foi no Campo Grande, sem Ventura. O PSD já usa a palavra proibida
d.r.
Luís Montenegro e Rui Rocha almoçaram e prepararam programas paralelos. Liberais não cedem nas exigências. CDS também está disponível para entendimentos à direita
6 maio 2023 23:39
Com o país em suspenso face ao silêncio de Belém, Luís Montenegro e Rui Rocha escolheram a tranquilidade da esplanada do restaurante Jockey, no Hipódromo do Campo Grande, em Lisboa, para almoçarem juntos na quarta-feira, com a crise política no menu. O encontro entre os líderes do PSD e da Iniciativa Liberal (IL) já estava previsto, mas o timing não podia ser mais oportuno para discutir uma alternativa de direita — um dia depois de o primeiro-ministro não ter aceitado a demissão de João Galamba, contra a posição do Presidente da República. Ou seja, com um conflito institucional aberto entre São Bento e Belém. Ambos rejeitam revelar de quem partiu o convite, mas certo é que o encontro inaugura um novo capítulo na relação PSD-IL, o que, para os liberais, seria algo impensável com o PSD de Rui Rio.
Entre os sociais-democratas assinala-se que foi um almoço carregado de simbolismo — não apenas pelo dia em que ocorreu, mas também pelos comensais. E há uma leitura óbvia: o Chega não se senta à mesa para falar com os presidentes do PSD e da IL sobre eventuais entendimentos futuros, mesmo que as sondagens continuem a sinalizar que não haverá uma maioria de direita sem o partido de André Ventura. O processo de demarcação do PSD relativamente ao Chega, lento mas em crescendo, conheceu na sexta-feira mais um capítulo. “Connosco não há qualquer hipótese de acordos com forças extremistas, sejam elas de direita ou de esquerda”, disse o líder parlamentar do PSD na Renascença. Questionado se isso inclui o Chega, Joaquim Miranda Sarmento respondeu: “Sim, sim, com o Chega.” Contactado pelo Expresso, o partido de Ventura não quis pronunciar-se sobre a exclusão destes encontros.