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PSD e Chega: as linhas vermelhas podem ser laranja

29 abril 2023 9:58

Luís Montenegro na reunião do Conselho Nacional do PSD, na quarta-feira à noite

josé sena goulão/lusa

Luís Montenegro voltou a garantir que não governará com a extrema-direita, mas na direção social-democrata há posições diferentes

29 abril 2023 9:58

Acusando ou não a pressão do Presidente da República, a verdade é que a demarcação de Luís Montenegro relativamente ao Chega tem ajudado a unir as hostes sociais-democratas. “A linha vermelha”, que o líder do PSD traçou na entrevista à CNN, “cria alguma união interna”, confidencia ao Expresso um dirigente ‘laranja’, na sequência do Conselho Nacional do partido na quarta-feira. Contudo, ainda há quem não se dê por satisfeito: quem continue a suspirar por Passos e quem assuma que as “linhas vermelhas”, afinal, podem ser esbatidas, ou seja, laranja, para que se adaptem a necessidades de conjuntura.

Na reunião do órgão máximo entre congressos, Montenegro carregou um pouco mais nas tintas dessa demarcação, que, como tem vindo a demonstrar, será feita nos seus termos — ou seja, pelo menos para já sem pronunciar o nome do partido de André Ventura. “Nunca governámos, nem vamos governar, nem com o apoio da extrema-esquerda, nem da extrema-direita”, garantiu. Querem “mais clareza”? Então, já agora, “perguntem a António Costa se nunca mais vai governar, como já governou, com a extrema-esquerda”. Devolver a bola ao adversário tem sido a receita do líder do PSD, com mais ou menos nuances. Num discurso inflamado, chegou a gritar contra “aquelas pessoas que perderam as eleições de 2015” e, ainda assim, arranjaram forma de governar. “Como é possível que esta gente diga que respeita a vontade popular e queira atirar pedras para cima da casa do PSD? Como é possível?”, indignou-se, fazendo um diagnóstico assente no “empobrecimento do país” e no “apodrecimento do Governo”.