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TAP: Chega quer explicações sobre reunião da administradora executiva com deputados e assessores do Governo

TAP: Chega quer explicações sobre reunião da administradora executiva com deputados e assessores do Governo
HOMEM DE GOUVEIA/Lusa

O líder do Chega considerou que se tratou de uma "reunião clandestina e secreta" e acusou o PS de falta de ética

O presidente do Chega considerou hoje que o primeiro-ministro, António Costa, e o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, devem dar explicações sobre uma reunião entre deputados socialistas, assessores governamentais e a CEO da TAP em janeiro.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura afirmou que "há explicações que, quer Eurico Brilhante Dias, quer António Costa, têm o dever de dar ao país", defendendo que o objetivo desta reunião, na véspera de a presidente executiva da TAP prestar esclarecimentos no parlamento, "era, claramente, condicionar o depoimento" de Christine Ourmières-Widener.

O líder do Chega considerou que se tratou de uma "reunião clandestina e secreta" e acusou o PS de falta de ética, afirmando esperar que os esclarecimentos que pediu possam ser prestados ao longo do dia de hoje. Se o primeiro-ministro não o fizer, o Chega irá confrontá-lo formalmente na Assembleia da República.

Em causa está uma reunião, mantida em 17 de janeiro, na véspera de Christine Ourmières-Widener ir ao parlamento prestar esclarecimentos sobre a demissão da ex-administradora Alexandra Reis, na qual terão estado presentes deputados do PS e assessores e chefes de gabinete de membros do Governo.

A iniciativa dessa reunião em causa partiu, de acordo com a CEO, do gabinete do ministro das Infraestruturas, que, na altura, já era João Galamba.

Em declarações aos jornalistas, Ventura pediu ainda que existam "consequências políticas" do que foi relevado na comissão parlamentar de inquérito sobre a TAP, apontando que as revelações que foram feitas na comissão parlamentar de inquérito "mostram bem a forma de trabalhar do Governo e de membros do Governo e a teia de influência e de cumplicidades que foi montada e que está ou esteve a capturar o Estado nos últimos anos".

O líder do Chega considerou também que o deputado socialista Carlos Pereira, coordenador do PS na comissão parlamentar de inquérito e que a presidente executiva da TAP identificou como tendo estado presente nessa reunião, "não tem condições para continuar" a integrar esta comissão.

Questionado se acompanha o pedido de demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, feito pela Iniciativa Liberal, o presidente do Chega respondeu que "tendencialmente sim", mas ressalvou que é preciso "ouvir uma explicação dos governantes antes de fazer um pedido formal de demissão".

"Se a resposta que o PS tiver para dar for a resposta que deu ontem à noite [terça-feira], de que foi apenas uma reunião de preparação, então sim, eu acho que ou há consequências políticas ou o país deixa de acreditar no que se passa aqui no parlamento", defendeu.

Ventura apontou que a situação dos ministros das Infraestruturas, João Galamba, e das Finanças, Fernando Medina "já estava difícil e fica cada vez mais periclitante".

Entre os "aspetos preocupantes" relevados no parlamento, o líder do Chega apontou também "a tentativa de alteração de um voo do senhor Presidente da República", considerando poder estar em causa um "crime de tráfico de influências ou outro".

"A tentativa abusiva de influenciar o funcionamento de uma companhia aérea, alterando um voo, apenas foi bloqueada pelo bom senso aparente da Presidência da República e da própria CEO. Se este bom senso não tivesse imperado hoje podíamos estar a falar de um Presidente da República enredado numa teia de tráfico de influência absolutamente lamentável, e isto mostra bem como o Governo e o PS têm lidado com os negócios do Estado", criticou.

Na terça-feira, a CEO da TAP não negou ter chegado à empresa um e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes a pedir para adiar um voo de Moçambique, que tinha como passageiro o Presidente da República, que, alegadamente, precisava de ficar mais dois dias em Maputo.

Segundo o 'email', citado pelo deputado Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, Hugo Mendes sublinhava que era importante manter Marcelo Rebelo de Sousa como aliado da TAP.

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