31 março 2023 20:02
hugo delgado/lusa
PSD desvaloriza subida mais acelerada do Chega nas intenções de voto. Se as europeias correrem mal, o líder social-democrata sairá pelo próprio pé
31 março 2023 20:02
Sob o pretexto de que não é “um partido de fogachos e repentismos” — por oposição (implícita) ao Chega —, o PSD vai protelando uma demarcação definitiva em relação ao partido de André Ventura. A sondagem que o Expresso publica esta semana mostra que enquanto o PS perde terreno, o Chega cresce de forma mais significativa do que os sociais-democratas. Hugo Soares, secretário-geral do PSD, desvaloriza: “Não se pode fazer essa extrapolação de forma evidente”, diz ao Expresso, sublinhando que “os partidos da extrema-esquerda estão a perder eleitorado”. Ou seja, a direção social-democrata reconhece haver “uma perda direta de eleitorado de alguns partidos para o Chega”, mas tal “não significa que esse eleitorado seja o moderado”. O PSD vai insistindo no facto de que, desde que a atual direção de Luís Montenegro iniciou funções, o partido “subiu sempre e consistentemente”. Mas essa subida é lenta, sobretudo quando comparada com a do Chega. “Chamo-lhe uma subida sustentada”, contemporiza Hugo Soares.
A manter-se o calendário eleitoral, as legislativas serão só daqui a três anos e meio, pelo que os próximos embates eleitorais são as regionais da Madeira, já este outono, e as europeias, em maio do próximo ano. Sobre as primeiras, a direção do PSD não esconde que o objetivo é ganhar com maioria absoluta. Sobre as europeias, não revela o jogo quanto a potenciais cabeças de lista, ainda que reconheça a importância da refrega. Aliás, o partido deu esta semana dois sinais da relevância que lhe atribui. Questionado sobre a meta eleitoral para as europeias, Montenegro disse o óbvio, mas depois foi um pouco mais além. “Queremos ter mais votos do que qualquer outro partido”, afirmou num primeiro momento, acrescentando em seguida: “Se forem resultados que abram a esperança de o PSD ganhar eleições legislativas — que é para isso que aqui estou e para ser primeiro-ministro —, eu prossigo. Se isso não acontecer, nessa altura os portugueses não precisarão — e muito menos os militantes do PSD — de me dizer o que devo fazer, porque sei muitíssimo bem o que devo fazer.” Eleito para dois anos, Montenegro terá de se submeter novamente a eleições internas em ano de europeias. Com estas declarações na Suíça, no final de um périplo junto de comunidades portuguesas em vários países europeus, deixou implícito que não será recandidato à liderança do partido se os resultados ficarem aquém.