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Marques Mendes já admite "uma forte probabilidade de eleições antecipadas" depois das europeias (mas tem dois conselhos para o PSD)

Marques Mendes já admite "uma forte probabilidade de eleições antecipadas" depois das europeias (mas tem dois conselhos para o PSD)

Ex-líder do PSD e comentador da SIC não recomenda, mas elenca três fatores que podem levar à antecipação de eleições para o outono de 2024. Para Montenegro deixa dois reptos: apresentar já “causas” ao país e abdicar claramente do Chega. Quanto à Jornada Mundial de Juventude, recomenda coordenação (mas acredita que “vai correr bem”)

O ex-líder do PSD e atual Conselheiro de Estado diz que não acha aconselhável para o país, mas este domingo, na SIC, depois de olhar para as últimas sondagens, já colocou o cenário noutro patamar: “Até às eleições europeias de junho de 2024 não me parece provável haver antecipação de eleições. Ao contrário, já me parece haver uma forte probabilidade de eleições antecipadas no segundo semestre de 2024”, disse Luís Marques Mendes.

O que pode levar a tal cenário? Três factores que terão de ser cumulativos, explicou: “Uma derrota pesada do PS nas eleições europeias; um continuado desgaste do Governo; e a ideia de que o País quer uma alternativa”.

Esta segunda-feira, numa entrevista ao jornal online ECO, cujas linhas essenciais já foram antecipadas, o atual líder do PSD apontou para a mesma meta: Vamos imaginar que aquilo que aconteceu neste primeiro ano de Governo vai acontecer no segundo ano, exatamente nos mesmos termos, mais aqui, menos ali, e chegamos às europeias e o povo, enfim, tem uma decisão inequívoca. Se calhar, nessa altura, poderá haver condições para o país político, a começar pelo principal partido da oposição, poder tirar ilações, enfim, mais abrangentes, mais largas do que aquilo que normalmente acontece nas eleições para o Parlamento Europeu“, afirmou Luís Montenegro.

Agora, Mendes corrobora. Olhando para a sondagem da Pitagórica desta semana que pela primeira vez em cinco anos colocava o PSD à frente do PS, Mendes conclui: “O país está muito zangado com António Costa. O trambolhão é monumental. Não é impossível recuperar, mas não vai ser fácil”, disse na SIC, admitindo um cenário de “eleições europeias em junho de 2024, legislativas antecipadas entre outubro e dezembro do mesmo ano, autárquicas em setembro de 2025 e presidenciais em janeiro de 2026. Tudo isto é cenário analítico, mas cenário com probabilidade de ocorrer.”

Porém, se ao Governo recomenda “uma grande remodelação e trazer sangue novo”, o comentador deixou sobretudo dois conselhos a Luís Montenegro, atual líder do PSD. O primeiro? É o seguinte:

“O PSD precisa de aproveitar esta “viragem” para apresentar causas ao país. Não tem de ser ainda um programa de governo. António Guterres, já aqui o disse, quando era líder da oposição, também só o apresentou no ano das eleições. Mas, no entretanto, é preciso ter causas e iniciativas. Não chega reagir. É preciso agir.”

Mas há um segundo conselho, a propósito da Convenção do Chega que terminou este domingo:

  • “A ideia ambígua de que, se ganhar eleições, o PSD pode fazer um acordo com o Chega, só beneficia o partido de André Ventura. À direita, dá um sinal de que votar num partido ou noutro é irrelevante, retirando assim voto útil no PSD. Ao centro, impede o PSD de conquistar eleitores moderados. O PSD tem vantagem em fazer o que fez a IL: “cortar” com o Chega.”

Desta semana que passou, Luis Marques Mendes conclui que foi o Governo quem mais ganhou com a polémica da Jornada Mundial de Juventude, por o foco ter virado para outros lados.

Mendes deixou um elogio a Carlos Moedas, por ter revertido a decisão sobre o altar-palco (pese embora o tenha feito por pressão do Presidente e do recuo da própria Igreja), mas sobretudo deixou uma recomendação aos envolvidos na organização, incluindo ao autarca de Lisboa: “Devia haver um Comando único de execução deste projecto. Não há. O Governo tem o seu. A CM de Lisboa tem outro. Não é bom. Claro que CM e Governo são de partidos diferentes. Mas nos anos 90 o primeiro-ministro Cavaco Silva e o Presidente da Câmara Jorge Sampaio também eram e colaboraram na perfeição. Faz muita impressão que, perante um problema, as várias partes não falem entre si, demorem a sentar-se à mesa ou andem na praça pública a passar culpas umas ás outras.”

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