O PSD vai pedir esta segunda-feira para ouvir o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, em comissão parlamentar, sobre a sua atuação à frente da Defesa, por causa da operação “Tempestade Perfeita”.
No requerimento dirigido à Comissão de Defesa, a que a agência Lusa teve acesso, os sociais-democratas fazem uma lista de 30 perguntas às quais consideram que João Gomes Cravinho não deu resposta no debate de urgência sobre este assunto em plenário, marcado pelo Chega, realizado a 20 de dezembro.
Além do ex-ministro da Defesa e atual titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, o PSD quer ouvir o atual secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira.
Segundo o PSD, Gomes Cravinho deve esclarecer “quando é que teve conhecimento de que as obras de reabilitação do antigo Hospital Militar de Belém tinham custado o triplo do que estava inicialmente orçamentado” e, “se não autorizou” esse aumento de despesa, “quem o fez”.
Várias perguntas incidem sobre a auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional, como “que motivos justificaram que a mesma tenha permanecido por enviar à Procuradoria-Geral da República (PGR) durante 6 meses” e “quais as razões para ter decidido manter a referida auditoria classificada como confidencial, mesmo após a emissão de um parecer da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA)”.
O PSD pergunta também a Gomes Cravinho “por que razão não foi determinada a abertura de um processo disciplinar ao diretor-geral dos Recursos da Defesa Nacional”, Alberto Coelho – que em 2021 não foi reconduzido neste cargo, mas foi depois nomeado para a administração da Empordef Tecnologias de Informação (ETI), e que é um dos arguidos da operação “Tempestade Perfeita”.
Os sociais-democratas interrogam quais os motivos que levaram à nomeação de Alberto Coelho para a administração ETI mesmo "face às dúvidas" surgidas, e "que diligências mais tomou" o então ministro da Defesa "relativamente ao futuro do antigo Hospital Militar de Belém".
O atual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, foi ministro da Defesa Nacional entre 2018 e 2022.
A operação designada “Tempestade Perfeita”, de acordo com a Polícia Judiciária, é “uma investigação criminal cujo objeto visa apurar da eventual prática, entre o mais, de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento, ilícitos relacionados com adjudicações efetuadas, por parte de organismo da Administração Central, a diversas empresas, as quais lesaram o Estado português em muitos milhares de euros”.
Em causa estão gastos de cerca de 3,2 milhões de euros na empreitada para reconverter o antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, num centro de apoio à covid-19, obra que tinha como orçamento inicial 750 mil euros.
A derrapagem foi revelada por uma auditoria da Inspeção-Geral da Defesa Nacional (IGDN), que visou a atuação de Alberto Coelho.
A operação levou a cinco detenções, incluindo de Alberto Coelho, e à constituição de um total de 19 arguidos.
Depois de sair da Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho presidiu ao conselho de administração da ETI (EMPORDEF - Tecnologias de Informação, S.A) entre 8 de junho de 2021 e 31 de julho de 2022, antes de pedir a aposentação, segundo informação divulgada por esta empresa à Lusa.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes