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Ventura ameaça votar contra lei dos estrangeiros se Governo não ceder nos apoios sociais

Ventura ameaça votar contra lei dos estrangeiros se Governo não ceder nos apoios sociais
MIGUEL A. LOPES/LUSA

 O líder do Chega, que refere que houve negociações com o Governo durante o fim de semana sobre a lei dos estrangeiros, coloca limitação de acesso a apoios sociais como condição para aprovar proposta

O presidente do Chega colocou hoje como condição para um acordo em torno da lei de estrangeiros que a nova legislação estipule que os imigrantes tenham de ter cinco anos de descontos para poderem receber apoios sociais. Caso contrário, avisou, "estamos à beira de não ter lei dos estrangeiros", disse em Alenquer. Contudo, a legislação pode passar se tiver o apoio de outros partidos, como o PS.

"Apelo ao primeiro-ministro para este ponto absolutamente sensível. Concorda ou não que os imigrantes que chegam a Portugal têm que ter pelo menos cinco anos de descontos até poderem ir buscar subsídios à Segurança Social", questionou.

E deixou um aviso: "Se não concordar, não temos acordo. Porque para nós este é um ponto decisivo".

André Ventura falava aos jornalistas em Alenquer, no distrito de Lisboa, à chegada a uma ação da pré-campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro.

"Nós estamos, infelizmente, à beira de não ter uma lei de estrangeiros", sustentou, comentando de seguida: "se é uma lei de estrangeiros que não impõe limites aos estrangeiros entrarem em Portugal, se podem entrar quase de qualquer maneira" e se "também não têm que mostrar os meios que têm, nem os meios económicos que dispõem para não beneficiar da Segurança Social", poderá dar-se "o pior efeito chamada que é possível numa lei de imigração".

"Nós não podemos ter imigrantes em Portugal que tenham que beneficiar da segurança social. Uma coisa é no futuro virem a precisar de Segurança Social, como qualquer cidadão, outra coisa é quando chegam cá já virem na cabeça com a ideia de beneficiar da Segurança Social", argumentou.

 O líder do Chega indicou que existiram "negociações e conversações entre o Chega e o PSD ao longo do fim de semana", mas ainda "não há consenso ainda sobre a lei de estrangeiros", porque os sociais-democratas "parecem recusar" uma proposta do seu partido para limitar a atribuição de apoios aos imigrantes que tenham pelo menos cinco anos de contribuições.

André Ventura disse que o Chega já recuou "em muita coisa" e apelou ao PSD e ao Governo que façam o mesmo nesta questão para ser possível um acordo até ao final do dia, uma vez que as alterações a este diploma serão reapreciadas pelo parlamento na terça-feira de manhã.

"Esta para nós é uma questão fundamental, é uma questão decisiva. E se o Tribunal Constitucional obrigou a refazer a lei em certas matérias, [...] há coisas que nós não podemos prescindir, e esta é uma delas", afirmou, dizendo não compreender "a birra, a hesitação do PSD em matérias que são estruturantes".

O líder do Chega recusou o argumento de que a sua proposta possa ser considerada inconstitucional.

"Só é inconstitucional se quisermos que a Constituição seja um bloqueio a tudo. A Constituição também nos obriga a que quem cá chega venha utilizar a nossa saúde sem pagar e que podem vir do mundo inteiro. Isto não é assim. O que é que interessa sinceramente a Constituição se vierem todas as pessoas do Bangladesh, da Índia, do Paquistão e da China a tratar-se a Portugal?", defendeu, considerando que "o Tribunal Constitucional não quer criar o caos no país".

No que toca ao reagrupamento familiar, o presidente do Chega indicou que a proposta do partido é que só possa ocorrer 18 meses depois do casamento.

A lei que regula a entrada de estrangeiros em Portugal vai ser reapreciada pelo parlamento na terça-feira, depois do chumbo do Tribunal Constitucional e o consequente veto do Presidente da República.

Na sexta-feira, o Chega indicou que constituiu, em conjunto com o PSD, um grupo com elementos dos dois partidos para negociar alterações à lei de estrangeiros, para esta legislação "estar pronta para aprovação". Mais tarde, André Ventura disse ter sido o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a dar o primeiro passo para os dois partidos chegarem a um consenso nesta matéria.

No mesmo dia, o primeiro-ministro e líder do PSD confirmou um diálogo entre que o PSD e Chega sobre as alterações à lei de estrangeiros, mas vincou que a porta da negociação estava aberta a todas as forças políticas.

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