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IL, Bloco e Livre criticam lista para Conselho de Estado: “É incompreensível”, uma “concessão” e “hipocrisia”

IL, Bloco e Livre criticam lista para Conselho de Estado: “É incompreensível”, uma “concessão” e “hipocrisia”
Antonio Pedro Ferreira

Os liberais e o Livre queriam duas listas separadas para o órgão de aconselhamento do chefe de Estado. Já o Bloco diz que as barreiras contra a extrema-direita “só contam quando alguma coisa está em jogo”

IL, Bloco e Livre criticam lista para Conselho de Estado: “É incompreensível”, uma “concessão” e “hipocrisia”

Liliana Coelho

Jornalista

A Iniciativa Liberal (IL), o Bloco e o Livre criticaram esta quarta-feira a lista conjunta dos socialistas, dos sociais-democratas e do Chega (CH) para o Conselho de Estado, que será votada esta tarde no Parlamento. “É uma completa hipocrisia”, afirmou a líder parlamentar dos liberais, Mariana Leitão, em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos.

Apesar de poderem apresentar listas diferentes, os três maiores partidos optaram por apresentar uma lista conjunta para este órgão externo à Assembleia da República (AR), deixando perplexa a bancada da IL. “Não deixa de ser irónico, porque sabemos que da parte do PS há posições públicas e congratulam-se por terem sempre votado contra as propostas do CH e agora estão unidos numa lista ao lado do CH”, reforçou.

Por outro lado, salientou, que o partido de André Ventura reclamou sempre ser um partido antissistema e está agora “do lado do sistema PS e PSD”, sublinhando a “ironia” e “hipocrisia” deste posicionamento. A alternativa era terem sido apresentadas duas listas, como já aconteceu no passado, ainda que reconheça que o resultado desta votação seria “provavelmente” o mesmo. “Era uma questão de congruência sobre as posições dos partidos”, reforçou.

Também a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, disse ser “inacreditável” haver uma lista conjunta com candidatos do PS, PSD e CH para o Conselho de Estado. "Não entendemos como PSD e PS concordaram fazer uma lista conjunta com os deputados da extrema-direita. Parece-nos que é uma concessão que não beneficia a democracia e com a qual não concordamos de todo", apontou, reconhecendo também ironia no processo.

Isabel Mendes Lopes criticou ainda a falta de paridade no Conselho de Estado, afirmando que para o Livre é também difícil de entender que haja uma lista composta apenas por homens. “Em 2024, não faz sentido os partidos não conseguirem apresentar candidatas para o Conselho de Estado. Como é que PS e PSD não têm o cuidado de indicar mulheres para o Conselho de Estado”, acrescentou.

Bloco não vai votar a favor da lista

Na mesma linha, a coordenadora do Bloco disse ser “incompreensível” que o PS e a AD tenham em ambas as campanhas eleitorais assinalado as “linhas vermelhas” face à extrema-direita e acabem por alinhar com o CH numa lista conjunta para o Conselho de Estado. E anunciou que o partido não votará a favor da lista para o órgão.

“Aliás, com a campanha eleitoral, do PS, por exemplo, fizeram isso um tema central da campanha, as críticas a Von der Leyen, dos seus contactos e e aproximações à extrema-direita. E é por isso que não podemos compreender quando se faz uma campanha sobre as linhas vermelhas face à extrema-direita quando se faz uma campanha em PS e PSD, disputam quem mais quer erguer essas barreiras contra a extrema-direita e, na primeira oportunidade, se encontrem em acordos, que incluem a extrema-direita”, condenou Mariana Mortágua.

A líder bloquista referia-se à lista única para o Conselho de Estado que envolve um acordo entre PS, PSD e CH. “Como é que se sentem os deputados do Partido Socialista a votar para o Conselho de Estado? Como é que se sentem os deputados do PS a votar por uma lista que tem, além dos representantes do PS e dos representantes do PSD, o representante do CH também integrado do Conselho de Estado?”, questionou.

Para Mariana Mortágua, é “incompreensível” que esse acordo tenha sido alcançado para uma lista única, depois de uma campanha das Europeias, com tantas críticas do PS a Ursula Von der Leyen e outros ataques do PS e PSD à extrema-direita.

“Ficamos a saber que, afinal, há um acordo, sempre houve um acordo, que, se o Partido Popular Europeu, se a direita apoiar o o PS, então o PS apoiará Ursula Von der Leyen, apesar de ter feito todas as aproximações à extrema-direita. As barreiras com o CH, as barreiras contra a extrema-direita, só contam quando alguma coisa está em jogo”, acentuou.

Tal como o Expresso noticiou ontem, o PS sugeriu Pedro Nuno Santos e Carlos César para o Conselho de Estado, o PSD apontou Carlos Moedas e Francisco Pinto Balsemão, enquanto o CH apontou o nome de André Ventura, como já era esperado. Os cinco nomes para o órgão de aconselhamento do chefe de Estado serão votados esta tarde no Parlamento.

Artigo atualizado às 16h41, com reação do BE

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