Talvez Aguiar Branco não tivesse preparado ontem o mesmo discurso, esperando ser eleito à primeira volta. Mas a imprevisível reviravolta com o chumbo do candidato à presidência da Assembleia da República (AR) pelo Chega – que resultou num impasse – pode ter-lhe trocado as voltas e dado o mote para o arranque. “Eu não desisto da democracia”, disse perentório esta quarta-feira o deputado do PSD eleito pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, após ser eleito presidente do Parlamento só à quarta tentativa.
“Se há coisa que aprendemos ontem é que não devemos desistir da democracia. É preciso repensar o regimento da AR para o que aconteceu ontem não se volte a repetir, a bem da democracia”, sustentou, apelando à reflexão dos deputados sobre a eleição da mesa do Parlamento.
Aguiar Branco referia-se ao acordo alcançado entre PS e PSD esta manhã para a presidência rotativa entre os dois partidos, que permitiu resolver o imbróglio criado pelo Chega e garantiu-lhe a eleição com 160 a favor, muito acima dos 116 necessários e fazendo quase um pleno dos deputados do PS e da AD. O primeiro mandato de dois anos pertence ao social-democrata, passando a presidência da AR em 2026 para um socialista – situação que não está prevista atualmente no regimento. Mas, depois, em declarações aos jornalistas, esclareceu que a maioria absoluta deve continuar a ser o “critério da eleição” da segunda figura do Estado.
Nessa altura, confessou que “nunca pensou em desistir” - passando por cima do facto de a sua candidatura ter chegado a ser retirada depois da primeira votação - e não se sente “diminuído” por ter falhado por três vezes a eleição. Face à polémica, garantiu que enviou uma SMS a Pedro Nuno Santos a comunicar que seria candidato a presidente da AR, após o líder do PS não ter atendido uma chamada. Mas falou com Francisco Assis.
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