"Nenhuma opção está excluída" incluindo "uma reação no sentido de reforçar os direitos aduaneiros recíprocos" face a uma "escalada" como a agora anunciada, acrescentou Paulo Rangel, em declarações à RTP e Antena 1 à margem de uma visita oficial a São Tomé e Príncipe. Para já, o ministro considera "prematuro" falar de um plano protecionista ou de incentivo aos empresários nacionais. "O sinal que deve ser dado à administração norte-americana é que a nossa vontade é chegar a um acordo".
Questionado sobre as repercussões de uma decisão destas para a economia portuguesa, Paulo Rangel afirmou que tarifas de 30% teriam um "efeito disruptivo" e "muito negativo" para os dois lados do Atlântico. "Uma decisão destas tem sempre um impacto que não é fácil de antecipar" e este valor "não estava em cima da mesa", acrescentou. Como tal, terá de ser analisado, até por o impacto dependerá dos vários setores e poderá ser "assimétrico" entre estados-membros da UE.
"A negociação das relações comerciais da União Europeia com estados terceiros é da exclusiva competência da Comissão Europeia" e o Governo está em "contacto estreitíssimo" com a Comissão Europeia, sublinhou o ministro. O comunicado da presidente da Comissão Europeia "reflecte na íntegra as linhas de posicionamento que o Governo português transmitiu às entidades europeias", acrescentou. "Ou seja, consideramos que é um desenvolvimento negativo, mas as negociações estão em curso e a UE é defensora do comércio livre e de uma relação muito aberta e franqueada com os EUA", explicitou.
Ao lado de Paulo Rangel esteve o Presidente da República, que admitiu que o anúncio foi "surpreendente na medida em que estava em curso um processo negocial que estava a correr bem" entre os EUA e União Europeia. Porém, considerou que "esta história não terminou" e que serão mantidas negociações para "encontrar uma solução do interesse de todos que corresponda à lógica do que estava a ser negociado".
O Presidente da República lembrou que a posição de Portugal está alinhada com a da União Europeia e louvou a "posição muito serena" da Comissão Europeia. "Não é bom para o comércio e economia internacional haver deste tipo de anúncios nas condições em que foi feito", declarou.
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