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Montenegro quer "todos a pedalar para a mesma meta" no Orçamento e rejeita apelo do Chega

Montenegro quer "todos a pedalar para a mesma meta" no Orçamento e rejeita apelo do Chega
ANTÓNIO COTRIM

O líder do Chega reiterou que o seu partido "está fora das negociações" do próximo Orçamento do Estado porque o Governo continua “a negociar com o PS”

Montenegro quer "todos a pedalar para a mesma meta" no Orçamento e rejeita apelo do Chega

Eunice Lourenço

Editora de Política

O primeiro-ministro recusou o repto do Chega para que afaste o PS de negociações para o Orçamento do Estado. “O que as portugueses e as portuguesas esperam é que na política se faça o mesmo que no desporto: que todos estejam remar para o mesmo lado, a pedalar para a mesma meta, todos estejam a correr para alcançar o melhor resultado possível”, afirmou Luís Montenegro aos jornalistas, à margem de uma receção aos atletas paralímpicos, na residência oficial, em S. Bento.

O Governo quer “evitar a todo o custo que haja uma instabilidade política em Portugal que possa repercutir-se em dificuldades acrescidas para a vida dos portugueses”, acentuou Montenegro, concluindo. “Estamos a fazer esse esforço com todos.”

Ficava assim dada a resposta ao Chega que, de manhã, à saída da reunião com o Governo sobre Orçamento tinha dito que só negoceia o Orçamento do Estado para 2025 se Montenegro recusar conversar com o PS.

Á tarde, numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República, André Ventura foi questionado sobre as palavras do seu líder parlamentar, que de manhã afirmou que, se o Governo excluir o PS das negociações do próximo orçamento e mostrar disponibilidade para acolher propostas do Chega, o partido está disponível para permitir a sua viabilização.

O líder do Chega reiterou que o seu partido "está fora destas negociações e foi isso que o líder parlamentar também deixou claro", insistindo que "é irrevogável, o Chega está fora destas negociações orçamentais". "Não há o 'se', o Governo está a negociar com o PS, logo o Chega está fora destas negociações", insistiu, considerando que, como o documento é entregue no parlamento daqui a um mês, "não pode deixar de negociar com o PS, a não ser que refaça o orçamento do Estado todo, o que não é possível".

André Ventura disse que para o Chega voltar a negociar "teria de ser outro orçamento, não este" que ainda nem foi apresentado. "Se o Governo quiser, por pressão do Presidente da República, por outro [motivo] qualquer, e aí vamos ao encontro destas palavras, acabar com este orçamento todo e então começar a construir um outro, bom, isso seria outra coisa, mas não é este orçamento, teria que ser outro, já não era neste tempo, teria que ser num tempo mais para a frente", indicou. Se forem "iguais aos do PS", no que depender do Chega "não passará".

O presidente do Chega recusou dissonância de posições, defendendo que Pedro Pinto foi ao encontro da posição que tem manifestado nos últimos dias.

No sábado, André Ventura foi questionado sobre o que levaria o Chega de volta à mesa das negociações, e respondeu que o seu partido "não negoceia com partidos que estão a negociar com o PS simultaneamente as medidas do PS" e que "era preciso que o Governo voltasse tudo atrás e dissesse 'afinal não queremos negociar medidas do PS, vamos aceitar negociar medidas à direita contra a corrupção, contra a imigração, legal e ilegal, pela descida de impostos'".

Sobre a reação da ministra da Justiça à fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, André Ventura considerou que Rita Alarcão Júdice falou tarde e "de forma pouco eficaz e apropriada" e argumentou que a governante "conseguiu fazer o que seria impensável, dizer que houve uma cadeia sucessiva de falhas e de erros graves, sem nunca apontar o erro e a falha grave do próprio Estado".

Nesta declaração aos jornalistas, o presidente do Chega foi questionado também sobre o facto de o partido ter rejeitado, a par de PSD e CDS-PP, a realização de um debate sobre a TAP esta tarde, com a presença do ministro das Infraestruturas, na Comissão Permanente da Assembleia da República. Ventura disse que quer ouvir o ministro no Parlamento "num debate com grelha própria, com tempo para responder e com tempo para fazer perguntas, não é no meio de uma comissão permanente, sem nenhum tempo para fazer o escrutínio".

O presidente do Chega defendeu que este "é um assunto demasiado sério" e "as coisas têm que ser feitas com dignidade" e rejeitou que a TAP fosse discutida numa comissão permanente com outros pontos na agenda.

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