O antigo Presidente da República Cavaco Silva entende que “não há nenhum drama se o Orçamento do Estado não for aprovado”. Em entrevista ao Observador, o antigo PR diz mesmo que é “banal” na Europa um Orçamento não ser aprovado.
O antigo chefe de Estado acredita, contudo, que é “muito provável que venha a ser aprovado” o Orçamento do Estado para 2025. "Mas não há nenhum drama se não for aprovado. É importante aprovar, mas eu não tenho neste momento nenhuma indicação de que se concretize uma obstrução tão forte por parte dos partidos da oposição para que não sejam tomadas medidas que sejam positivas para o crescimento das variáveis que eu sublinhei", respondeu.
Cavaco Silva ressalvou que "não aprovar orçamentos é banal nalguns países da Europa" e deu o exemplo de Espanha, onde o primeiro-ministro "viveu durante dois anos com duodécimos e ninguém morreu".
Na entrevista, Cavaco Silva pretende esclarecer o recente "texto pedagógico" que escreveu no Expresso, "em nenhuma das suas partes" defendeu ou sugeriu "a realização de eleições antecipadas". Nesse artigo, o ex-PR escreve sobre o que considera ser necessário para o crescimento do nível de vida das famílias nos próximos dez anos e coloca vários cenários políticos “com eleições, antecipadas ou não”.
Sobre se o atual Governo de Luís Montenegro deve ir até 2028, como previsto num calendário eleitoral sem alterações, Cavaco enfatizou "a decisão é exclusivamente do senhor Presidente da República", Marcelo Rebelo de Sousa. "No passado houve muitas dissoluções, eu espero que não ocorram, mas essa é apenas a minha opinião", diz o antigo chefe de Estado para quem o que é preciso é pensar a longo prazo. “Quem quiser fazer uma análise séria tem de se abstrair do que se passa neste momento”, justifica Cavaco.
"Sou contra as eleições antecipadas", reforçou Cavaco, explicando que o seu objetivo com o artigo foi "ajudar os portugueses a pensar" em qual o xadrez político mais favorável para "aumentar o bem-estar das famílias" já que nos próximos 10 anos vão "ocorrer duas eleições legislativas".
Sobre a necessidade de serem feitos pactos de regime entre PSD e PS, o antigo Presidente da República defendeu que "apenas os extremos direita e os extremos esquerda", ou seja Chega, PCP e BE, "têm posições inconsistentes" com o objetivo por si traçado de dar "o salto em frente no bem-estar das famílias portuguesas". "A possibilidade de um pacto de regime pode ser em relação a várias forças políticas, excluindo os extremos à esquerda e à direita", apontou.
No que diz respeito à escolha de António Costa para a presidência do Conselho Europeu, o também antigo chefe do executivo destacou que esta "não é uma função executiva", mas sim com "tarefa de coordenação, de representação e de tentar consensos". "Eu penso que o doutor António Costa pode realizar bem essa função. Penso que prestigia Portugal e eu felicito-o", elogiou. Para Cavaco Silva, António Costa "era inequivocamente a melhor escolha" entre os Socialistas Europeus.
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