Ministro da Cultura sobre caso TAP: "Há coisas que vi nesta comissão de inquérito que me inquietam como cidadão"
Ministro da Cultura Pedro Adão e Silva
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Pedro Adão e Silva pede reflexão sobre a “dinâmica comunicacional” à volta da comissão de inquérito à TAP. Ana Catarina Mendes diz que demissão de Pedro Nuno Santos foi “pertinente”
Ana Catarina Mendes, ministra dos Assuntos Parlamentares, recusou comentar o relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à TAP (CPI) por ser isso mesmo: preliminar. “A minha experiência diz-me que ainda vai ser alvo de muitos acertos e por isso aguardemos o relatório final que não será este seguramente”, disse a ministra no programa da CNN “Town Hall”. Mas, a seu lado, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, foi duro na apreciação. Não sobre o relatório, mas sobre o funcionamento da comissão.
“Há coisas que vi neste comissão de inquérito que me inquietam como cidadão”, disse o ministro, ressalvando várias vezes que não leu o relatório. “Acho que há uma reflexão a fazer sobre a relação desta comissão de inquérito, a dinâmica comunicacional em torno do Parlamento e o papel dos deputados”, continuou o governante, que deu exemplos do que lhe causa preocupação: “As inquirições prolongadíssimas pela noite dentro, sem pausa, o tom inquisitório das perguntas, o tipo de preocupação com um tom telenovelesco que alimenta um ciclo interminável de comentário.”
Pedro Adão e Silva considera que “as comissões de inquérito têm desempenhado um papel importante na valorização do Parlamento” e que devem ser ainda mais valorizadas num cenário de maioria absoluta. Mas pensa que a CPI da TAP configura uma transformação. “Há uma interação entre a cobertura noticiosa da atividade política e o comentário político que tem uma influencia sobre a própria atividade política que acho que, no médio prazo, não vai trazer bons resultados”, adverte, pedindo uma reflexão sobre esta “dinâmica que se alimenta mutuamente”.
“Não estou a desvalorizar a relevância politica do que se passou” ressalvou o ministro, para quem Pedro Nuno Santos já assumiu a responsabilidade política. “É inequívoco que a demissão de um ministro ou de um secretário de estado é o assumir de uma responsabilidade politica. A responsabilidade política é uma avaliação subjetiva que cada um de nos deve fazer”, disse Pedro Adão e Silva.
Já Ana Catarina Mendes, questionada sobre se as conclusões agora conhecidas mostram que o ministro não devia ter saído do Governo, respondeu: “Julgo que Pedro Nuno Santos fez aquilo que era pertinente naquele momento.” Já a João Costa, ministro da Educação também presente no programa, perguntaram se acha que o ex-ministro das Infraestruturas pode ainda vir a ser um bom líder do PS. “O que vejo é no PS é um conjunto de dirigentes e quadros de excelência que me faz dizer que a sucessão no PS não é um problema”, respondeu João Costa, acrescentando que “o PS está bem liderado, estar a jogar por antecipação neste momento é extemporâneo”.