Às 15h30 do primeiro dia de trabalhos na Assembleia da República (AR), já só faltavam 34 deputados fazerem a “matrícula”. Apesar de ser um dia único para os novos deputados – e a também para os velhos regressados –, é apenas mais um início de sessão legislativa para os trabalhadores do Parlamento. Mais uma vez, estes funcionários ficam responsáveis por ajudar os deputados a fazerem a sua inscrição, apesar de terem trocado o típico salão nobre pela biblioteca da AR devido às obras no primeiro espaço. “É tudo igual às outras vezes, os deputados vêm mais ao início do dia apesar de estarmos cá até às 18h”, disse ao Expresso uma das funcionárias que fez parte do processo.
Uma das grandes diferenças desde dia é o saco de pano que se vê pendurado nos ombros dos parlamentares, independentemente do partido. Tal como em 2022, nesse souvenir está uma Constituição da República Portuguesa, uma Regimento da AR, um mapa do Palácio de São Bento e um bloco de notas com uma ilustração dos 50 anos do 25 de abril. Esta não é a primeira invocação desta data no dia em que o Parlamento recebe 50 deputados eleitos pelo Chega – o Bloco de Esquerda decidiu levar cravos vermelhos para a sua bancada parlamentar para lembrar que irá lutar pelos “valores de abril”.
Quem já não é estreante nestas lides, apesar de ter trocado Lisboa por Bruxelas durante 15 anos, é Nuno Melo. O líder do partido que voltou a ter representação parlamentar graças ao acordo com o PSD foi um dos protagonistas do primeiro dia de “regresso às aulas” – até ao Chega ter chumbado o nome da AD para o presidente da AR e alterado as dinâmicas do dia. O momento de voltar a colocar a placa do grupo parlamentar do CDS na sala, logo pelo meio-dia, emocionou Paulo Portas, um dos antigos líderes que foi assistir ao momento. O mesmo fizeram outros ex-líderes como Manuel Monteiro e Ribeiro e Castro, esquecendo as muitas divergências que já tiveram.
“Do ponto de vista pessoal é a certeza de ver o dever cumprido. O CDS é um partido fundador da democracia e coincidentemente este ano comemoram-se os 50 anos do 25 de abril. É um dia muito bom, está a ser um dia muito bom”, disse Nuno Melo ao Expresso junto à placa recém colocada numa nova sala, que a antiga e histórica sala que o CDS ocupou durante décadas hoje é do Chega.
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