Até ao aparecimento do Chega, Sílvia Ramos só tinha votado em duas eleições. “A política estava desacreditada, a mesma retórica das mesmas pessoas… pensava que a abstenção era a melhor solução. Não estava informada o suficiente para votar", explica esta mulher de 51 anos, que aos 34 emigrou com o marido para Genebra, Suíça. A relação com a política nacional só mudou com André Ventura: “Agora sou uma ativista contra a abstenção."
Mesmo estando fora do país, inscreveu-se no Chega com a “esperança de parar o que está a ser feito a Portugal”. “Quero voltar”, confessou Sílvia ao telefone com o Expresso, antes das eleições. O marido e dois dos três filhos também militam no Chega, e a preocupação com o futuro é muita. “É o desespero de querer voltar e ver o nosso país desmoronando, um puzzle a que cada vez faltam mais peças. E que serão difíceis de encontrar no futuro”, resume.
Só nesse consulado em Genebra onde Sílvia passou a votar, mais de 1400 portugueses votaram no Chega nas legislativas de 2022 – 2951 votos em toda a Suíça, 14,16%, só atrás de PS e PSD. Foi o país onde o partido de Ventura alcançou a maior votação no Círculo da Europa. E com exceção da Bélgica, ficou em 3º lugar nos países registados nos dados oficiais – incluindo em França, onde teve quase 2500 votos (5,35%). Agora está à frente na contagem dos votos da emigração no círculo da Europa, com grande probabilidade de eleger dois deputados: um pela Europa, outro por Fora da Europa.
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