Reuniões à esquerda convocadas pelo Bloco arrancam com o PAN, esta quarta-feira
Rui Valido - Imagens TVI
Mariana Mortágua convidou os partidos à esquerda para debaterem “elementos de convergência” e construírem uma “alternativa”. A primeira reunião para encontrar “convergências” à esquerda irá decorrer esta quarta-feira, entre o Bloco de Esquerda e o PAN
Dois dias depois da noite eleitoral, o Bloco de Esquerda convidou os restantes partidos à esquerda para “analisar o resultado das eleições”, “debater elementos de convergência” não só para construir uma “oposição a um governo de direita”, como também para construírem "uma alternativa”. As respostas de PS, PCP, Livre e PAN foram afirmativas. Agora, a primeira das quatro reuniões está marcada para esta quarta-feira, dia 20, com Inês Sousa Real. Ao que o Expresso apurou, ainda não estão marcados nenhum dos outros encontros com os restantes partidos.
Com o convite a partir do Bloco, a reunião entre a líder bloquista e a líder e deputada única do PAN irá decorrer na sede do partido convidado, em Lisboa, pelas 10h30h. Antes deste convite ser lançado, o partido de Mariana Mortágua deixou duras críticas ao partido de Inês Sousa Real pelo entendimento com o PSD-Madeira. A líder bloquista chegou a chamar o PAN de “fraude política” e, durante os debates, acusou Inês Sousa Real de ser “incoerente”. A deputada única retorquiu com ataques às propostas do Bloco que “dificilmente podem sair do papel” por desrespeitarem as leis europeias. Agora, espera-se aliviar o ambiente para procurar as “convergências” entre os dois partidos.
Noite Eleitoral do Bloco de Esquerda, no Forum Lisboa
Discurso de Mariana Mortágua
O objetivo dos bloquistas, de acordo com fonte do partido, é reunirem com os partidos em ordem crescente, o que significa que o próximo a se sentar à mesa com Mariana Mortágua deverá ser o Livre (o partido à esquerda que mais cresceu passando de um para quatro deputados, mas que se mantém o menos votado à esquerda). Depois, deverá seguir-se o PCP e, por último, o PS. A expectativa dos bloquistas é que a reunião com Pedro Nuno Santos aconteça apenas depois de fechadas as avaliações internas – o PS tem Comissão Nacional marcada para este sábado, dia 23.
PCP foi o que mais perdeu à esquerda, reduzindo a bancada de seis para quatro parlamentares
Um dos pedidos do Bloco para estas reuniões era que se realizassem antes da tomada de posse dos novos deputados, que poderá ser entre o final de março e o início de abril. O que significa que os restantes encontros deverão realizar-se já nas próximas semanas.
A vitória magra da AD não garantiu uma maioria à direita sem o Chega (PS, BE, PCP e Livre juntos têm 90 deputados e AD e IL 87), o que fez soar os alarmes à esquerda. Mesmo com o PS a declarar derrota logo na noite eleitoral, nem toda a esquerda perdeu a esperança de impedir uma liderança de Luís Montenegro. O Livre acenou com a possibilidade de um governo minoritário de esquerda, o Bloco não foi tão longe, mas pediu para se manterem abertas as “portas do diálogo” à esquerda. Através destas reuniões, o Bloco espera formar uma ‘geringonça’ de oposição que mostre uma esquerda unida e capaz de entrar em jogo ao primeiro deslize da direita democrática.
Apesar dos votos da emigração ainda não estarem fechados, o Bloco pareceu estar em sintonia com o PS e acreditar que a AD se manterá como o partido mais votado e, por isso, aquele que deverá ser convidado a formar governo. Também por isso, o partido de Mariana Mortágua avançou com as audições ainda antes dos resultados serem conhecidos, algo que deverá acontecer sexta-feira, dia 22, segundo Fernando Anastácio, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE).