Marques Mendes vê Iniciativa Liberal com dois ministros num Governo de Montenegro (e Costa fora das Europeias)
RUI DUARTE SILVA
O CDS terá, no máximo, dois ministros e apenas se a IL não estiver no Governo, segundo Luís Marques Mendes disse na SIC, no comentário em que também garantiu que António Costa não será candidato pelo PS às Europeias
O conselheiro de Estado Luís Marques Mendes e grande apoiante de Luís Montenegro declarou, no seu comentário dominical na SIC, que a Iniciativa Liberal poderá conseguir dois ministros se fizer parte de um acordo de Governo com o Partido Social Democrata. São termos de uma possível proposta de casamento que ficam conhecidos este domingo, mas que só na próxima semana deverão ser divulgados publicamente.
“Está em aberto. Pode ser um governo do PSD e CDS, mas também pode ser um governo do PSD, CDS e da IL. Só se vai resolver na próxima semana”, declarou Marques Mendes.
Acontecendo um casamento mais alargado, com a IL, os liberais de Rui Rocha poderão “provavelmente” “ter direito a dois ministros”, o CDS ficará com um e os restantes cabem o PSD, seja militantes, seja independentes. Se a IL não estiver no Executivo, o CDS poderá conseguir dois ministros, mas a maior probabilidade, atribuída pelo ex-líder social-democrata, é que só tenha um.
Rui Rocha já disse que a posição de partida é que a IL fique no Parlamento, a analisar caso a caso as propostas sociais-democratas, mas admitiu integrar o Governo, mas sempre com assentos ministeriais. Marques Mendes, que participou na campanha ao lado de Montenegro, defendeu ainda que “esse acordo pode ser para governo e para as europeias”. As eleições europeias são a 9 de junho.
Luís Montenegro é ouvido esta quarta-feira, 20, pelo Presidente da República, na sequência dos encontros que Marcelo Rebelo de Sousa tem tido com líderes das forças políticas que foram a eleições.
Caderno de encargos no Governo
No seu comentário na SIC, Luís Marques Mendes falou do caderno de encargos de Montenegro, incluído sobre como deve escolher os ministros (“experiência política e governativa”, conjugando “inovação com experiência”). Não avançou nomes.
Também há um caderno de encargos de dossiês que o conselheiro de Estado lembra que têm de ser cumpridos nos primeiros dias de governação, da recuperação do tempo de serviço dos professores à aprovação do programa de emergência de saúde, a revisão do programa Mais Habitação e a aprovação da localização final do novo aeroporto.
O sucesso destes encargos “vai condicionar o futuro do Governo”, opinou.
Desse elenco não consta o subsídio de risco para as forças de segurança, ao contrário de Paulo Portas, que, no comentário na TVI, falou na necessidade de “pacificação da polícia”.
RUI DUARTE SILVA
Retificativo desvalorizado
Em relação a um Orçamento do Estado Retificativo, para aumentar as despesas previstas no Orçamento do Estado para 2024 feito por Fernando Medina, Marques Mendes desdramatizou.
“Se for preciso, será apresentado lá para outubro ou novembro, não vai ser agora, nem abril, nem em maio”. Ocorrerá ao mesmo tempo que o próximo Orçamento, e é incerta a sua necessidade, salvaguardou o antigo presidente do PSD.
Sobre o OE, Marques Mendes alinhou na narrativa que tem unido os sociais-democratas que retiram um eventual chumbo da responsabilidade do Chega (cuja abstenção não basta) e colocam esse peso no PS, dizendo que o facto de os socialistas não aprovarem pode precipitar eleições em 2025 e colocar em risco a liderança de Pedro Nuno Santos.
Paulo Portas, na TVI, também lembrou que o eleitorado penaliza quem contribui para a queda de governos.
Na noite eleitoral, o secretário-geral do PS disse logo que não ia responder a “pressões”, e que não lhe cabia assegurar o Governo: “Não é a nós que têm de pedir para suportar um Governo. Não contem com o PS para governar, não somos nós que vamos suportar um governo da AD.”
TIAGO MIRANDA
Costa fora das Europeias: “decisão está tomada”
Fora do seu campo político, Marques Mendes quis falar sobre as Europeias e adiantou que António Costa (com quem se sentava à mesa do Conselho de Estado) tomou a decisão de não ser candidato ao Parlamento Europeu pelo Partido Socialista.
“Ao que sei, António Costa não vai ser candidato ao Parlamento Europeu. Já tomou essa decisão, é uma decisão definitiva”, continuou. “A decisão está tomada”, reiterou Marques Mendes.
Sobre este tema, o primeiro-ministro tem-se mantido em silêncio, tal como Pedro Nuno Santos, que disse apenas que Costa não era um político do passado, mas “do presente e do futuro”.
O conselheiro de Estado defendeu que o primeiro-ministro a sair de funções tem interesse noutro cargo (Conselho Europeu é o destino que lhe é apontado, e para o qual não precisa de ser eleito nas Europeias). Na próxima semana, Costa estará em Bruxelas juntamente com personalidades do poder europeu.