Legislativas 2024

Ventura defende que Montenegro tem de clarificar se viabilizará um governo do PS

Ventura defende que Montenegro tem de clarificar se viabilizará um governo do PS
Nuno Fox

"Acho que não há outra hipótese de Luís Montenegro não clarificar isto. Ele andou a pedir clarificação a toda a gente -- ao Chega e o PS -- todos responderam", defendeu, em declarações aos jornalistas

O presidente do Chega defendeu quarta-feira que o líder da Aliança Democrática tem de clarificar se viabiliza um governo do PS e criticou a posição de "vaivém" do socialista Pedro Nuno Santos sobre esta matéria, acusando-o de "impreparação".

"Acho que não há outra hipótese de [o líder da Aliança Democrática (AD)] Luís Montenegro não clarificar isto. Ele andou a pedir clarificação a toda a gente -- ao Chega e o PS -- todos responderam", defendeu, em declarações aos jornalistas à margem de um debate promovido pelo Clube dos Pensadores.

Para André Ventura, enquanto Luís Montenegro não responder a esta questão, "não tem nenhuma credibilidade para falar do que quer que seja", defende, sublinhando que os portugueses têm de saber no que estão a votar quando forem às urnas.

Hoje, no Porto, questionado pelos jornalistas sobre o que fará caso o PS consiga formar um governo minoritário, Montenegro recusou novamente vislumbrar esse cenário "no horizonte".

"Já disse quais são as balizas nas quais pretendo governar e é isso que me compete. Bem sei que do lado do PS houve uma mudança de posição, mas isso tem de ser explicado pelo PS e não por mim", afirmou, acusando Pedro Nuno Santos de, nesta matéria, andar às piruetas.

Para o presidente do Chega só com uma "grande dose de falta de humildade" é que não se percebe que um cenário onde o Partido Socialista seja o mais votado é possível e avisa que é necessário clarificar a posição da AD perante este desfecho.

"Só se tivermos uma grande dose de falta de humildade é que não percebemos que pode acontecer, alias há sondagens que o colocam à frente. Se isto acontecer o que é que vamos fazer? E isto é importante para se perceber à direita: formamos um governo à direita ou o PSD viabiliza um governo do PS?", questiona.

Para Ventura, a justificação de Luís Montenegro de que está focado na vitória não colhe e insiste que o país precisa de saber se viabilizará ou não um governo socialista.

"Diz estar focado na vitória, mas isso estamos todos. O estarmos focados não gera o contexto. O contexto pode ser maioria absoluta, maioria relativa, maioria à direita ou maioria à esquerda e o Montenegro tem de dizer se vai ou não viabilizar um governo do PS, ou se preferirá, como nós defendemos, um governo à direita. Acho que isto tem de ser feito", reiterou.

Confrontado pelos jornalistas com a posição do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que esta tarde, no Porto, exigiu ao líder do PSD reciprocidade na viabilização de um governo minoritário do PS, após ter admitido deixar cair o compromisso assumido no debate televisivo de segunda-feira, Ventura acusou o socialista de impreparação e imaturidade para assumir o cargo de primeiro-ministro.

"Acho que mostrou mais uma vez hoje, o quão impreparado e imaturo está para ser primeiro-ministro", declarou.

Embora percebendo o que queria dizer Pedro Nuno Santos com as declarações desta tarde, Ventura considera que estas personificam "uma ideia de absoluto vaivém" que só cria confusão e acusa o secretário-geral do PS de ser "o grande autor da bagunça" em Portugal.

"Ver o rosto maior, a seguir a António Costa falar em bagunça é mesmo falta de vergonha na cara. Pedro Nuno Santos devia ter vergonha de falar de bagunça porque ele deixou o país numa enorme bagunça e acusa a direita de estar a fazer bagunça", declarou, mostrando-se convicto que a direita encontrará uma solução no pós-eleições.

"Pedro Nuno Santos não se preocupe com isso. A direita há de ter uma solução para o país. E esperemos mesmo que estejamos à altura de depois do dia 10 de março, seja qual for o resultado, darmos ao país uma solução e responsabilizo-me também por isso. Acho que vamos ter solução", rematou.

Na terça-feira à noite Pedro Nuno Santos afirmou que a direita é uma "bagunça" e acusou o seu principal adversário nas eleições de não ser capaz de liderar o seu campo político.

Há “tentativa de branquear” Costa

O presidente do Chega considerou ainda estar em marcha uma "tentativa de branquear" e "restaurar a autoridade" política do primeiro-ministro António Costa, depois do juiz da "operação influencer" ter considerado vaga e contraditória tese do Ministério Público.

"Eu vi o recurso do juiz a dizer que as provas eram inconclusivas, mas não vi o do Ministério Público. Ora isto só pode acontecer por uma coisa: está em curso uma tentativa de descredibilizar a investigação, de descredibilizar a polícia e o ministério público e de proteger António Costa", afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem de um debate promovido pelo Clube do Pensadores, em Vila Nova de Gaia, onde durante a sua intervenção defendeu esta ideia.

Para André Ventura "alguém está a tentar que políticos, jornalistas, comentadores passem todos esta mensagem", numa tentativa de branquear António Costa e restaurar autoridade política que perdeu a "operação influencer".

"Eu acho que devemos aguardar, já tivemos no caso de José Sócrates uma decisão anterior de um juiz de instrução que foi completamente revertida pelo tribunal da relação. Aguardar seria mais prudente do que branquear. Eu acho mesmo que está em curso uma tentativa de branquear António Costa e restaurar a sua autoridade política que perdeu um pouco com esta operação", afirmou.

O juiz da "operação influencer" considerou contraditória e vaga a tese do Ministério Público de que os arguidos Diogo Lacerda Machado e Vitor Escária tentaram pressionar o primeiro-ministro para aprovação de um decreto-lei favorável à sociedade Start Campus.

Esta argumentação do juiz de instrução criminal Nuno Dias Costa consta da sua resposta ao recurso do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso na segunda-feira, a contestar as medidas de coação aos cinco arguidos detidos, nenhuma privativa da liberdade, aplicadas pelo magistrado no interrogatório judicial.

Na tese do MP, alguns suspeitos recorreram a Diogo Lacerda Machado, advogado e amigo de António Costa, "no sentido de contactar, direta ou indiretamente, o primeiro-ministro, com vista a pressionar" a secretária de Estado Ana Fontoura Gouveia e "visaram - e lograram - que o referido decreto-lei fosse aprovado e publicado o mais rapidamente possível e com o conteúdo normativo favorável aos interesses da Start Campus".

Para o juiz, as alegações do MP são vagas "quanto a qual seria a entidade pública junto de quem iria ser exercida a influência", questionando se seria o Governo -- através de Diogo Lacerda Machado junto do primeiro-ministro, ou a secretária de Estado da Energia -- através de Vitor Escária, chefe de gabinete de António Costa à data dos factos.

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