Rui Tavares alerta para discurso político polarizado e pede "pedagogia de valorização do jornalismo"
O candidato do Livre comprometeu-se a incluir no programa eleitoral do Livre propostas para responder à crise dos media
O candidato do Livre comprometeu-se a incluir no programa eleitoral do Livre propostas para responder à crise dos media
O co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, alertou esta quinta-feira para uma polarização do discurso político, rejeitando alimentar este clima, e defendeu que deve ser feita uma pedagogia da valorização do trabalho jornalístico, após os acontecimentos na Universidade Católica.
"Há um discurso de polarização que está cada vez mais a afetar a política portuguesa. Há uma alternativa ao discurso da polarização que é não o alimentar, e ao discurso agressivo que é não o fomentar. Há uma alternativa à desinformação e ao discurso de ódio que é lutar pela informação e fazer um discurso pela democracia e dos valores da tolerância", defendeu Rui Tavares.
O cabeça-de-lista do Livre por Lisboa às legislativas de março falava aos jornalistas, em Lisboa, num hotel ao lado da Universidade Católica, onde na terça-feira um jornalista do Expresso disse ter sido agredido num evento organizado por estudantes onde participou o líder do Chega, André Ventura.
Rui Tavares defendeu que é responsabilidade dos atores políticos, mas também dos cidadãos no geral, escolher se querem contribuir para "gerar mais confusão, para que as pessoas sejam sugadas por uma torrente de desinformação e para que haja mais polarização e agressividade na sociedade portuguesa".
Na opinião do também historiador, "há uma pedagogia que tem que ser feita que é a pedagogia da valorização do trabalho jornalístico", nomeadamente junto dos jovens e nas universidades, defendendo que há valores constitucionais, como o exercício da prática jornalística, que devem ser respeitados "independentemente das regras específicas para cada evento".
Sobre a atual crise que o jornalismo atravessa, Tavares comprometeu-se a incluir no programa eleitoral do Livre propostas como "créditos à população para que as pessoas possam fazer assinaturas de imprensa" à sua escolha e a dedução em sede de IRS dos gastos com assinaturas de órgãos de comunicação social.
Advertindo que "há atores políticos em Portugal que querem a divisão e não a união", o líder do Livre mostrou-se convicto de que há espaço no país "espaço para um discurso que fala às pessoas como adultos inteligentes que as pessoas são" e que "não obriga as pessoas a escolher entre a paixão dos populistas e o cinzentismo dos políticos tradicionais".
Quanto à iniciativa "Conversas Parlamentares", organizada pela Associação Académica do Instituto de Estudos Políticos e pela Associação Académica de Direito, da Universidade Católica Portuguesa, Rui Tavares explicou que, no convite inicial dirigido ao Livre, não tinha sido feita qualquer referência à interdição de comunicação social.
Esta quarta-feira, após o incidente com o jornalista do Expresso, os organizadores comunicaram ao partido que, "não por decisão dos estudantes, a reitoria de acordo com uma leitura dos estatutos da Universidade Católica, não só determinou como regra que não poderia haver jornalistas presentes no auditório como alargou essa regra para todo o campus", detalhou.
O Livre contactou a organização e propôs que a intervenção de Rui Tavares na conversa com os estudantes seja gravada e posteriormente disponibilizada aos jornalistas, disse Rui Tavares, que explicou que desta forma é garantido o acesso à informação sem contribuir "para alimentar uma polarização, um aumento da temperatura e da agressividade do discurso político em Portugal".
O jornalista do Expresso já apresentou queixa na PSP depois de ter relatado que dois jovens "prenderam os seus movimentos, agarrando-o pelos pés e pelos braços, forçando a sua saída do evento" que decorreu na Universidade Católica.
Contactado pela Lusa, João Dias, da organização, nega que a expulsão do profissional do local tenha constituído uma agressão, argumentando que o jornalista foi abordado "cinco vezes" para deixar o auditório, que a palestra era fechada à comunicação social, e que tal informação foi transmitida aos partidos convidados.
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