André Ventura começou a discursar num jantar-comício em Olhão às 21h00 desta terça-feira, quando a 300 quilómetros, em Lisboa, um técnico da RTP ligou o microfone de António Tânger Corrêa, o seu cabeça de lista às europeias, para participar no debate de todos contra os candidatos às eleições de 9 de junho de partidos com assento na Assembleia da República. No mínimo, é uma situação original: um comício por intenção de um candidato ausente, que nem sequer foi mencionado pelo líder na intervenção aos militantes algarvios: o líder do Chega quer ganhar as europeias, ataca os candidatos do PS e do PSD, mas esquece a supostas qualidades e elogios ao embaixador e vice-presidente do partido que escolheu mandar para Bruxelas e Estrasburgo.
“É divertido que tentem encontrar fissuras entre mim e André Ventura”, diria Tânger na televisão, uns minutos depois, a propósito do tumulto que vai na família europeia do Chega (em que os alemães da AfD foram afastados por franceses e italianos). Depois de já ter insinuado uma saída do Identidade e Democracia (IL) Tânger defendeu no debate desta terça-feira que não vale a pena estar agora a discutir para que família europeia vai o Chega: "Quando chegarmos ao pós-9 de junho vamos equacionar os cenários de futuro com outros partidos.” Em Olhão, André Ventura não referiu a ausência do candidato. Muito menos lhe desejou boa sorte para o debate.
Só o deputado algarvio João Graça se referiu a Tânger Corrêa, mas foi já depois da sobremesa. Na mesma intervenção, também assinalou o 28 de maio, como a data do golpe militar em que “caiu a primeira República”, para ser instaurada a ditadura, fazendo votos para que a presente República também caia.
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