Nas europeias de 2019, a lista que encabeçava ficou a apenas 1% do Reagrupamento Nacional (RN, de Marine Le Pen), que venceu as eleições em França com 23%. Nathalie Loiseau é eurodeputada desde então e está integrada no grupo político liberal Renovar a Europa. É presidente da subcomissão de Segurança e Defesa no Parlamento Europeu, vice-presidente da delegação para as relações com a Assembleia Parlamentar da NATO e membro da delegação para as relações com os países do Magrebe e a União do Magrebe Árabe, incluindo as comissões parlamentares mistas UE-Marrocos, UE-Tunísia e UE-Argélia.
Foi ministra dos Assuntos Europeus entre 2017 e 2019, no segundo Governo de Édouard Philippe. Em 2021, juntou-se ao Horizontes, partido de centro-direita recém-fundado por este último. É agora porta-voz da Besoin d’Europe (Necessidade de Europa), uma lista às eleições europeias de junho que agrega o Renascimento (antigo Em Marcha, de Emmanuel Macron), o Movimento Democrático, o Horizontes, a União dos Democratas e Independentes e o Partido Radical. Numa passagem recente por Lisboa, Loiseau falou longamente com o Expresso sobre a ameaça da extrema-direita, a defesa europeia, a política migratória e o flirt entre a presidente-recandidata à Comissão Europeia e a primeira-ministra italiana, entre outros assuntos.
O Renovar a Europa é o terceiro maior grupo político no Parlamento Europeu (PE), mas as sondagens sugerem que as forças e grupos de extrema-direita aumentarão muito a sua representação. Quão preocupada está e quão preocupado deve estar o cidadão europeu comum com esta ascensão da extrema-direita?
É, de facto, um momento preocupante, porque a extrema-direita tem estado presente no PE e a extrema-direita em França ficou em primeiro lugar nas duas eleições europeias anteriores. Desta vez, o que é novo é que nalguns países onde era basicamente inexistente, como na Alemanha, nos Países Baixos e em Portugal, a extrema-direita está a crescer. E está a crescer sem qualquer interesse em construir respostas europeias para os cidadãos europeus. Estão interessados em bloquear o que está a acontecer. Se olharmos para os últimos cinco anos, foram contra o pacote de recuperação para proteger empregos e empresas da crise económica desencadeada pela pandemia de covid-19. Foram contra as vacinas, exceto se fossem russas. Foram contra o apoio à Ucrânia. Portanto, perderam todas as oportunidades importantes para os cidadãos europeus. Votaram a favor da Política Agrícola Comum [PAC], mas não a favor do orçamento para a PAC. São contra o Pacto Ecológico Europeu e contra tudo o que leve a adaptarmo-nos e a ajustarmo-nos ao aquecimento global. É, portanto, uma preocupação direta com a vida quotidiana dos cidadãos europeus.
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