O ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que o episódio com chefias militares no aeroporto de Figo Maduro, no passado dia 4 de outubro, não passou de um "erro de encaminhamento", lamentando o que considera ser uma falta de pertinência do assunto, e afastou perentoriamente a ideia de que tivesse mostrado desrespeito pelas Forças Armadas ou até linguagem imprópria.
Paulo Rangel, que está neste momento no Parlamento a prestar esclarecimentos aos deputados nas comissões de Negócios Estrangeiros e de Defesa Nacional, começou por dar conta da sua versão dos acontecimentos, ocorridos antes de uma cerimónia de receção dos portugueses repatriados do Líbano. Rangel contou que, depois de começar a fazer o caminho para o terminal, permaneceu "num sítio escuro onde o carro ficou imobilizado durante cerca de 20 minutos".
Foi depois deste período, "no breu e sem explicação", que o ministro admitiu ter manifestado desagrado com a demora e a falta de informações, e até revelou ter feito "um protesto veemente ao senhor general [João] Cartaxo Alves", Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA). Mas garantiu que "é totalmente falso" que tenha exigido "ir para algum lado ou para qualquer sítio não-seguro".
No final de contas, a causa da confusão terá sido, explica o ministro, um outro voo que aterrou em Figo Maduro perto da mesma hora, com altas figuras militares que tinham acompanhado o ministro da Defesa. Rangel esclareceu que "esse mal-entendido ficou resolvido" depois de uma conversa com Cartaxo Alves, que foi "excecional quando se apercebeu" que estavam a falar de assuntos diferentes.
No final da sua declaração inicial aos deputados, o ministro dos Negócios Estrangeiros fez questão de fazer uma espécie de defesa da sua honra e dos seus costumes linguísticos, refutando todos os relatos sobre o episódio que incluam qualquer tipo de palavrão ou insulto da parte de Rangel e classificando-os como "disparates completos". "Em nenhum momento tive algum gesto de apoucamento ou usei linguagem impróprias ou ofensas. Nos 56 anos de vida que tenho, não há uma única pessoa que tenha ouvido uma palavra de calão ou impropérios. Nunca. Desafio a perguntarem a toda a gente que trabalhou comigo e me conhecesse. Houve um momento de alguma tensão, reconheço, mas tudo ficou sanado na altura", vincou.
Paulo Rangel mostrou-se ainda descontente pelo facto de ter sido colocada em causa a sua defesa das Forças Armadas, autodenominando-se um "paladino" em defesa dos militares "em todos os Conselhos de Ministros", e lamentando a atenção dada a um caso que declara ser "irrelevante". "É estranhíssimo que alguém que respeita a condição de militar de repente seja posto nesta posição. (...) Isto é de tal maneira irrelevante que é até vilipendiar as Forças Armadas, mas também o poder político, estar a entrar nestes detalhes", atirou.
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