Defesa

Portugal vai ser o sétimo país da NATO que menos vai investir em 2024

Portugal vai ser o sétimo país da NATO que menos vai investir em 2024
Ints Kalnins

Relatório da organização político-militar estima que Portugal invista 1,55% este ano. Secretário-geral indica que 23 países vão gastar 2% ou mais do PIB em defesa, o limite mínimo estabelecido pela Aliança Atlântica

Portugal vai ser o sétimo país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), de um total de 32, que menos vai investir em defesa em 2024, dá conta uma estimativa feita para este ano.

De acordo com um relatório da NATO sobre a despesa de cada um dos Estados-membros entre 2014 e 2024, a organização político-militar estimou que Portugal invista 1,55% este ano.

No ano passado, o Governo apontou para 1,64%, mas investiu 1,48%, de acordo com a informação disponibilizada em abril deste ano.

O executivo anterior e o que iniciou funções em abril de 2024 continuam com a previsão de atingir os 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa até 2030, apesar dos sucessivos apelos feitos pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, para que os Estados-membros alcancem essa meta mínima o quanto antes.

De acordo com o documento, desde 2014 que Portugal tem investido mais em defesa e nos últimos dez anos atingiu a despesa mais elevada em 2021 (1,52%), mas houve um decréscimo em 2022 (1,40%) e 2023 (1,48%).

A previsão é de que em 2024 o país invista mais do que alguma vez fez nos últimos dez anos, mas ainda abaixo dos 2% de mínimo pelo qual a Aliança Atlântica quer nivelar os Estados-membros.

A estimativa feita pela NATO aponta ainda que a Polónia deve ser o país que mais investirá em defesa este ano, com 4,12% do PIB, seguido pela Estónia (3,43%) e acima dos Estados Unidos da América (3,38%).

Stoltenberg diz que 23 países vão atingir limite mínimo de despesa militar

O secretário-geral da NATO adiantou na segunda-feira que 23 países aliados vão gastar este ano 2% ou mais do seu PIB em defesa, o limite mínimo estabelecido pela Aliança Atlântica.

Stoltenberg indicou ainda, no início de uma reunião com o Presidente norte-americano Joe Biden em Washington, que os países membros da NATO "estão a aumentar os seus gastos militares em 18% este ano". É "o maior aumento em décadas", frisou o secretário-geral da organização, que tem 32 membros.

O número apresentado representa um aumento de quase quatro vezes em relação a 2021. Apenas seis nações estavam a atingir o objetivo nesse ano, antes da invasão em grande escala da Ucrânia pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

"Os europeus estão a fazer mais pela sua segurança coletiva do que há apenas alguns anos", frisou Stoltenberg. O Presidente dos EUA realçou que a aliança se tornou "maior, mais forte e mais unida do que nunca" durante o mandato de Stoltenberg.

Biden falou afetuosamente de Stoltenberg, chamando-o de amigo e referindo que desejava que o secretário-geral da NATO desde 2014 pudesse cumprir outro mandato quando o atual expirar, em outubro. "Juntos, dissuadimos novas agressões russas na Europa. Fortalecemos o flanco oriental da NATO, deixando claro que defenderemos cada centímetro do território", sublinhou.

Stoltenberg observou que os aliados estavam a comprar mais equipamento militar dos EUA. "Portanto, a NATO é boa para a segurança dos EUA, mas a NATO também é boa para os empregos nos EUA", vincou. Os membros da NATO concordaram no ano passado em gastar pelo menos 2% do seu produto interno bruto na defesa. O aumento dos gastos reflete as preocupações com a guerra na Ucrânia.

Alguns países também estão preocupados com a possível reeleição do antigo presidente Donald Trump, que caracterizou muitos aliados da NATO como aproveitadores das despesas militares dos EUA e disse durante a campanha que não defenderia os membros da NATO que não cumprissem as metas de gastos com defesa.

"As mudanças nas administrações dos EUA tiveram o argumento absolutamente válido de dizer que os aliados dos EUA estão a gastar muito pouco", destacou Stoltenberg, aos jornalistas.

A visita de Stoltenberg lança as bases para o que se espera ser uma cimeira crucial dos líderes da NATO em Washington no próximo mês. A aliança militar cresceu em força e tamanho desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, há dois anos, com a adesão da Suécia e da Finlândia.

Os gastos com defesa de muitos países europeus caíram depois que o colapso da União Soviética em 1991 pareceu neutralizar o que era então a principal ameaça à segurança do Ocidente. Mas depois de a Rússia ter tomado a Península da Crimeia, na Ucrânia, em 2014, os membros da NATO concordaram por unanimidade em gastar pelo menos 2% do seu PIB na defesa no prazo de uma década.

A invasão em grande escala que Putin lançou em 2022 estimulou os países europeus recentemente na linha da frente de uma guerra no coração da Europa a investirem mais recursos para atingir essa meta.

Espera-se que grande parte do foco da cimeira aborde o que a NATO e os governos dos membros da NATO podem fazer pela Ucrânia, à medida que este enfrenta ataques aéreos e terrestres implacáveis do seu vizinho mais poderoso.

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