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Defesa

Ex-chefes militares temem que descontentamento leve a contestações “inadequadas”

O Governo levou dois anos a equiparar o subsídio de risco dos militares ao da GNR
O Governo levou dois anos a equiparar o subsídio de risco dos militares ao da GNR

PS e PSD querem resolver problemas dos militares em equidade com as forças de segurança

Ex-chefes militares temem que descontentamento leve a contestações “inadequadas”

Vítor Matos

Jornalista

Na véspera da megamanifestação que esta quarta-feira juntou mais de 10 mil polícias e guardas em Lisboa, três ex-chefes militares lançaram um aviso sobre o risco de as Forças Armadas se tornarem outra panela de pressão pronta a rebentar. Três oficiais-generais, dirigentes do Grupo de Reflexão Estratégica Independente (GREI), assinaram uma carta que enviaram aos líderes partidários, ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e à ministra da Defesa, a lembrar que os militares são os únicos servidores públicos que “não têm capacidade reivindicativa”, como têm as Forças de Segurança. E que, por isso, o poder político deve ter “por imperativo a defesa dos justos interesses dos militares”. Se isso “não ocorrer”, alertaram, podem alterar-se “as condições éticas e de vínculo do exercício da sua profissão”. E haver focos de instabilidade nas Forças Armadas, piores do que o caso de insubordinação no navio “Mondego”.

Enquanto os líderes políticos vão reconhecendo os problemas nas Forças de Segurança, a Defesa e os militares sentem que estão fora das prioridades do discurso pré-eleitoral dos maiores partidos. “Há um descontentamento irrefutável dentro das Forças Armadas”, admite ao Expresso o almirante Melo Gomes, antigo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), e um dos signatários da carta, com o general Pinto Ramalho, ex-chefe do Exército e o general Taveira Martins, antigo comandante da Força Aérea. O ex-CEMA afirma que “o poder político tem de entender esta realidade”, atendendo à especificidade da condição militar cujo escape para a frustração tem sido a saída precoce das fileiras ou o abate aos quadros, o que está a deixar as Forças Armadas à míngua de pessoal (têm menos um terço dos efetivos previstos).

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