Defesa

Caso Mondego: Parlamento aprova audições de ministra da Defesa e almirante Gouveia e Melo

Ministra da Defesa, Helena Carreiras
Ministra da Defesa, Helena Carreiras
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

O PS classificou como uma "insubordinação clara" a atitude dos militares do navio Mondego, defendendo que o poder político não deve tentar justificar episódios deste tipo nas Forças Armadas

A comissão parlamentar de Defesa aprovou esta terça-feira por unanimidade a audição da ministra Helena Carreiras e do chefe do Estado-Maior da Armada, na sequência da polémica que envolveu o navio 'Mondego'. O requerimento, apresentado pela Iniciativa Liberal, foi aprovado na comissão parlamentar de Defesa por unanimidade, sendo que apenas estavam presentes deputados do PS, PSD, Chega e IL.

Quanto ao facto de a audição decorrer à porta aberta ou fechada, devido à sensibilidade de temas relacionados com a operacionalidade de meios militares, os deputados acordaram em consultar previamente a ministra Helena Carreiras e o almirante Henrique Gouveia e Melo antes de tomar uma decisão. Já a iniciativa apresentada pelo Chega, que tinha como objetivo ouvir as mesmas entidades, foi chumbada com o voto contra do PS.

A reunião da comissão foi aproveitada pelo PS para classificar como uma "insubordinação clara" a atitude dos militares do navio Mondego, defendendo que o poder político não deve tentar justificar episódios deste tipo nas Forças Armadas. "Gostava de lamentar várias declarações políticas que fui ouvindo desde o início da semana passada por parte de vários responsáveis políticos deste parlamento, inclusivamente, que procuravam de certa fora dar algum enquadramento político ou oferecer algum tipo de enquadramento justificativo a um ato desta natureza, que é um ato que não tem esse enquadramento naquilo que são as nossas Forças Armadas", argumentou o deputado Diogo Leão.

O socialista considrou como uma "insubordinação clara" a recusa dos 13 militares do navio 'Mondego' em embarcar no passado dia 11 para uma missão de acompanhamento de um navio russo, na Madeira. "No dia em que for o poder político e os titulares dos órgão de soberania a procurarem justificar insubordinações militares é um dia triste e um dia negro para a República", considerou.

Os deputados debatiam os requerimentos do Chega e da Iniciativa Liberal para ouvir no parlamento a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo -- aprovando apenas a iniciativa dos liberais, por unanimidade.

O PS considerou importante que a comissão se mantenha atualizada quanto à capacidade naval do país, mas lembrou que recentemente os deputados ouviram, à porta fechada, o almirante Gouveia e Melo sobre os meios da Armada, acusando os partidos de "um passo de algum oportunismo político". Diogo Leão insistiu que este foi um caso de insubordinação, sendo esse "verdadeiramente o problema", que está a ser tratado "nas circunstâncias próprias", mas aprovou o requerimento apresentado pela IL.

Jorge Paulo Oliveira, do PSD, defendeu que o episódio com o navio 'Mondego' foi "grave e preocupante" e que potencialmente coloca em causa a imagem de Portugal perante a União Europeia e NATO. A nível nacional, o social-democrata considerou que o incidente pode prejudicar a imagem da própria Marinha. Para o PSD, o Governo tem de dar explicações e deve garantir aos portugueses que as Forças Armadas "estão em condições de assegurar a soberania nacional, integridade territorial" e assumir o cumprimento dos compromissos internacionais.

O líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, detalhou que o objetivo do partido ao propor as audições não era o episódio concreto de insubordinação, mas sim perceber o ponto de situação do estado dos recursos materiais da Armada.Na opinião do liberal, esta situação impacta a relação do país com os seus parceiros internacionais.

Pedro Pessanha, deputado do Chega, mostrou-se preocupado com a "falta de manutenção dos equipamentos militares", sustentando que não se sabe se o 'Mondego' "não foi para o mar por falta ou não" de condições. "O que sabemos é que infelizmente um navio de guerra da Marinha não foi para o mar, e deixou mal vista toda a Marinha portuguesa", lamentou, salientando a "reputação enorme" da Armada. Apesar disto, o deputado mostrou-se preocupado com "atos de indisciplina" em meio militar e argumentou que "não existem Forças Armadas sem respeito pela estrutura hierárquica de comando".

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