O orçamento da Madeira para 2025 caiuno primeiro dia de debate no parlamento e a quente, à porta do hemiciclo, Miguel Albuquerque foi claro sobre o que espera do próximo episódio da novela política em que a região está mergulhada desde o início do ano. “Se for necessário vamos para eleições e vamos ganhar” e as duas sondagens publicadas esta terça-feira nos jornais regionais - "Jornal da Madeira" e "Diário de Notícias da Madeira" - mostram que, de facto, o PSD ganharia com larga vantagem sobre o PS, mas longe da maioria absoluta.
Se a moção de censura do Chega passar - o que deverá acontecer, pois tanto o PS como o Juntos Pelo Povo (JPP) já declararam que votam a favor - a Madeira ficará sem governo a partir de 17 de Dezembro e o mais certo é ir de novo a eleições. Não é a única solução e, de acordo com o Estatuto Político Administrativo, é possível dar posse a um governo dentro do actual quadro parlamentar. Até à decisão final - de eleições ou de novo governo - os partidos serão chamados ao Palácio de São Lourenço e, depois de ouvidos, o representante da República falará com Marcelo Rebelo de Sousa.
Cabe ao Presidente da República o poder de dissolver a assembleia legislativa e de convocar eleições antecipadas. Se o caminho for esse, as duas sondagens mostram que pouco mudará na composição do parlamento madeirense. Na sondagem do JM, feita pela Intercampus, o PSD teria 20 deputados, o PS mantinha os 11, mas o JPP passava de 9 para 7 deputados, o Chega perderia um deputado e ficaria com três. O Iniciativa Liberal passaria a ter a dois mandatos, o BE voltava ao parlamento. O CDS e PAN não seriam beliscados por nova ida às urnas.
Com algumas diferenças, a sondagem do Diário de Notícias da Madeira, feita pela Aximage, dá também uma vitória ao PSD, que ficaria com os mesmos 19 deputados, mas para chegar à maioria absoluta teria de contar com o Chega. O partido autor da moção de censura sobe nas intenções de voto e, de acordo com esta sondagem, teria cinco deputados. O resultado é menos simpático para o PS, que ficaria em segundo lugar com 10 deputados, menos um dos que tem agora. JPP, CDS e PAN não seriam afetados e o Iniciativa Liberal dobraria a representação parlamentar, passando de um para dois deputados. Dado relevante, neste estudo, é o empate de Miguel Albuquerque e Paulo Cafofo em termos de popularidade junto do eleitorado, que não vão além dos 23%.
Jardim sugere "frente autonomista"
Se houver eleições, Miguel Albuquerque já disse que pretende ser o candidato do PSD e, se Marcelo Rebelo de Sousa não alargar o prazo, será difícil ao partido convocar eleições internas. Esta segunda-feira, na RTP-Madeira, Pedro Coelho, deputado na Assembleia da República e com ambições de chegar a presidente do PSD regional, disse que era leal a Albuquerque, mas entende que era bom ir para diretas no PSD. Também Alberto João Jardim esteve na RTP, mas desta vez não falou de mudanças dentro do partido do qual foi líder, nas quais já não acredita. A solução, disse, é uma Frente Autonomista, um movimento novo, que vá a eleições para ser alternativa e que possa juntar pessoas de vários partidos e tendências sem os extremistas de esquerda e da direita radical e sem estar agarrada a cargos e tachos.
Do lado do PS, com as sondagens a colocar o partido em segundo, mas muito longe do primeiro, Carlos Pereira, deputado madeirense na Assembleia da República, mas eleito pelo círculo de Lisboa, anunciou, na página do Facebook, que está disponível para o partido, mas sublinha que, antes do partido, estará “primeiro disponível para a Madeira e os madeirenses”. Também lamenta os que preferem “jogar os campeonato dos pequeninos” e fingir que o PS, “com esta liderança está, pronto para ser alternativa”. E lamenta por entender que a crise, com origem na justiça e que está a gerar profunda instabilidade política, poderá resultar numa crise económica e social.
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