Marcelo antecipa ano presidencializante, sem fechar portas a qualquer cenário

O Presidente da República prepara-se para uma “nova vivência” política, onde admite acordos escritos e, em teoria, até nomes de primeiros-ministros que não foram a votos
O Presidente da República prepara-se para uma “nova vivência” política, onde admite acordos escritos e, em teoria, até nomes de primeiros-ministros que não foram a votos
Jornalista
Todos os Presidentes da República tiveram os seus momentos presidencializantes, e, Marcelo Rebelo de Sousa — que já dissolveu duas vezes — está a preparar o reforço do papel político de Belém, ao anunciar que vai agarrar nas rédeas de um sistema que se adivinha muito instável depois eleições de março de 2024. A dois meses e meio das eleições, as sondagens apontam para que o Presidente venha a ter nas mãos um panorama que inaugura uma fase de “miniciclos”, como o próprio já definiu, com riscos de voltar a ter de convocar novas eleições até final do mandato — uma possibilidade que António Costa já usou para acusar Belém de “falta de bom senso” por ter criado uma “crise política irresponsável” com a dissolução. No centro estará Marcelo, que quer manter espaço de manobra e toda a sua elasticidade política para recorrer a todas as soluções possíveis.
Esse centro de gravidade política, que transitou de Belém para São Bento com a maioria absoluta do PS, regressará à orla de Marcelo com o quadro de “barafunda” que se espera das legislativas, em que o Presidente tentará “encontrar as respostas correspondentes à vontade popular então expressa”, disse o chefe de Estado ontem, num discurso a fechar o encontro da Diáspora Portuguesa, na Cidadela de Cascais. Mas Marcelo disse mais: antecipou que a realidade que sair do 10 de março “significa uma nova vivência no sistema semipresidencialista português”, ou seja, a instabilidade reforçará o papel do Presidente no arranjo de soluções governativas ou no acompanhamento da própria governação. O chefe de Estado recordou que este sistema “só tem ocorrido em períodos de vivência normal”, de Governos de “incidência parlamentar, como a ‘geringonça’, ou de liderança do chefe do Executivo”, como nas maiorias, remetendo agora o Presidente para uma “intervenção mais ativa”.
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