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Crise política

Oito anos de herança de António Costa em disputa no PS

António Costa tomou posse como primeiro--ministro a 26 de novembro de 2015
António Costa tomou posse como primeiro--ministro a 26 de novembro de 2015
Luís Barra/Visão

António Costa tomou posse há oito anos. Socialistas acreditam que marca ainda vale no país. Candidatos colam-se ao legado

Oito anos de herança de António Costa em disputa no PS

Liliana Valente

Coordenadora de Política

Oito anos de herança de António Costa em disputa no PS

Rita Dinis

Jornalista

Quando saiu do Governo socialista de António Costa, Mário Centeno adotou um hobbie: comprar garrafas de vinho de reserva do ano de 2016, o ano em que começou o “legado” que agora António Costa deixa, ao fim de oito anos, a quem lhe suceder no PS. O derrubar dos muros da governabilidade à esquerda, as “contas certas” e a consolidação de um modelo económico que tem finalmente permitido a convergência com a União Europeia, são alguns dos feitos que os socialistas reconhecem a Costa e que têm levado, por estes dias, a avanços e recuos nas estratégias eleitorais adotadas pelos dois candidatos à liderança socialista. Oito anos de governação que foram também oito anos de um “otimista irritante” que várias vezes foi bafejado por azares conjunturais: os grandes incêndios de 2017, a pandemia, as guerras e a consequente crise inflacionista.

Não que o Governo tenha ficado preso naquele ano de 2015/2016. Afinal, sucederam-se mais dois Governos e outros sete anos em que foi acusado muitas vezes, à esquerda e à direita, de ter lidado com o dia a dia sem reformas para apresentar. A isso, o PS acena com dois excedentes: o primeiro de 0,1%, em 2018, e o segundo, neste ano de 2023, com previsão de 0,8%. Não ficou preso à boa memória, mas é àquele ano de 2016 que Costa amarra as bases de toda a sua governação e ao qual regressou este sábado na Comissão Nacional do Partido Socialista. O primeiro OE da ‘geringonça’ foi o OE da quadratura do círculo, saindo do Procedimento por Défices Excessivos com um Governo apoiado por PCP e BE, que abriu portas à “liberdade para poder escolher”, disse, e que agora permite a quem lhe suceder tomar a opção: “Ou guardamos o excedente ou gastamos já para satisfazer as reivindicações de professores e médicos.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt

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