Crise política

O ciclo político de Costa já "passou", e Marcelo acha "insensato" comentar o que vem aí: "Pretende-se que o Presidente seja imparcial"

O ciclo político de Costa já "passou", e Marcelo acha "insensato" comentar o que vem aí: "Pretende-se que o Presidente seja imparcial"
ANTÓNIO COTRIM/Lusa

Crise política está a acontecer de forma “muito rápida e intensa”, lembrou o Presidente da República em declarações na Guiné-Bissau, garantindo que a crise em nada mudou a sua relação com o primeiro-ministro

“Isto é tão rápido e tão intenso”, desabafou o Presidente da República sobre a atual crise política. Em declarações aos jornalistas na Guiné Bissau, onde está em visita oficial, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que foi surpreendido pela queda do Governo na sequência da Operação Influencer.

"Se me perguntassem se, há quantos dias, já nem sei, no dia 6 [de novembro] – isto é tão rápido e tão intenso – eu imaginava que estaria onde estou hoje, eu diria que não", afirmou Marcelo à margem da celebração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.

"As circunstâncias ocorreram e ocorreram à intensidade que puderam testemunhar em direto. É evidente que a minha ideia era que a situação que se vivia no dia 6 se pudesse viver de uma forma mais prolongada no tempo", lamentou.

O Chefe de Estado fugiu como conseguiu às perguntas sobre a crise política, incluindo a atuação da Procuradora-Geral da Repúblcia no dia 7 de novembro e nos dias seguintes. "O senhor primeiro-ministro já esclareceu que ele pediu para eu pedir o encontro à senhora procuradora-geral da República. Mais do que isso não posso dizer", afirmou Marcelo, questionado sobre o encontro que teve com Lucília Gago no dia da demissão.

Marcelo garante uma coisa: a crise não afetou a relação “pessoal e institucional” que tem com o primeiro-ministro. “O relacionamento é exatamente aquele que foi desde sempre”, afirmou.

Sobre o futuro político português, o Presidente da República também se resguardou: este “é o fim de um ciclo político”, o país já está em “pré pré campanha”, e Belem tem de ter uma visão imparcial, lembrou.

"Eu não comento nada do que foi dito sobre o passado recente nem nada do que será dito sobre o futuro próximo. Em relação ao passado recente, passou, passou, fechou-se um ciclo da história portuguesa", declarou.

"Tudo o que eu disser -- entrámos num novo ciclo -- vai ser considerado, no novo ciclo, como sendo uma tomada de posição favorável a A, B ou C. E neste novo ciclo o que se pretende do Presidente da República é que seja imparcial perante aqueles que vão disputar eleições, partidos, candidatos à chefia do Governo, tudo isso", justificou ainda.

Marcelo Rebelo de Sousa recusou, por isso, comentar declarações recentes do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, sobre a situação política atual: "O pior que poderia fazer era, por aquilo que digo ou não digo, ser interveniente num debate de alguns meses, que é um debate que terá outros protagonistas, e só eles, partidos e candidatos a primeiro-ministro".

Com o mesmo argumento, não quis revelar a sua opinião sobre se deve haver esclarecimentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a investigação judicial que levou o primeiro-ministro a apresentar a sua demissão: "Quando eu digo que não me pronuncio sobre nem aquilo que ocorreu nem aquilo que vai ocorrer ou que está a ocorrer neste momento, é precisamente isso mesmo. Eu acho que seria muito insensato estar a pronunciar-me sobre isso".

Perante a insistência da comunicação social para que comentasse o papel do Ministério Público, o chefe de Estado referiu que essa "é uma questão que tem a ver com o que acabou de ser vivido, o que está a ser vivido e o que irá ser vivido no futuro próximo", reiterando: "Portanto, não me vou pronunciar".

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