Isaltino Morais considera-se um alvo da justiça, tal como Costa: “Se aconteceu com o PM, imagino com um vulgar cidadão”
Isaltino Morais, Presidente da Câmara de Oeiras
NUNO BOTELHO
Numa tertúlia sobre a "Dignidade no exercício de funções públicas", o atual presidente da Câmara Municipal de Oeiras criticou os magistrados: “Não têm secretária nem carro oficial. Eles consideram isto uma afronta”
“Se, porventura, o Ministério Público ou os agentes judiciais ultrapassaram a lei, violaram a lei com o próprio primeiro-ministro, com o qual devia haver todo o cuidado... Se não houve com o primeiro-ministro, imagino com um vulgar cidadão”: a indignação é de Isaltino Morais, citado pela Renascença, numa tertúlia sobre a “Dignidade no exercício de funções públicas”, em Oeiras, que decorreu na quinta-feira.
O contexto, claro, é o da demissão de António Costa, a 7 de novembro, no âmbito das buscas realizadas à sua residência oficial. O presidente da Câmara Municipal de Oeiras considera-se, como Costa, um alvo da justiça, para a qual deixou acusações
“Um magistrado, judicial ou do Ministério Público, apesar de ganhar sete ou oito mil euros por mês, muito mais do que um ministro ou um presidente de câmara, não tem secretária nem carro oficial. Eles consideram isto uma afronta”, declarou. O autarca foi procurador, antes de chegar pela primeira vez à liderança da Câmara de Oeiras, e recorda que, na “bolha” dos magistrados, “políticos era tudo corrupto”.
“Era o que pensava porque era isso que ensinavam no Centro de Estudos Judiciários. Essa era a imagem que tinha dos políticos”, frisou.
No evento, organizado pela Associação IN-OV, constituída para dar suporte às suas duas últimas candidaturas à autarquia, respondeu ainda às críticas sobre a sua legitimidade de falar sobre a dignidade no exercício de funções públicas, quando foi anteriormente condenado enquanto autarca: "A dignidade do ser humano nunca é perdida, faz parte da natureza humana e ninguém a pode tirar".