Política

"Se soubesse que indemnização era indevida, nunca tinha dado autorização". Pedro Nuno Santos pede ao MP que seja rápido após buscas na TAP

"Se soubesse que indemnização era indevida, nunca tinha dado autorização". Pedro Nuno Santos pede ao MP que seja rápido após buscas na TAP
TIAGO MIRANDA

Pedro Nuno Santos voltou a defender-se publicamente após buscas na TAP na sequência do caso da indemnização de 500 mil euros concedida a ex-administradora Alexandra Reis, no tempo em que era ministro das Infraestruturas. Pede que Ministério Público seja rápido e diz que confiou no escritório de advogados, não sabendo que indemnização não era legal

"Se soubesse que indemnização era indevida, nunca tinha dado autorização". Pedro Nuno Santos pede ao MP que seja rápido após buscas na TAP

Rita Dinis

Jornalista

"Não correu tudo bem", mas Pedro Nuno Santos continua a afirmar que só autorizou indemnização milionária a Alexandra Reis por achar que era o melhor caminho para a comissão executiva da companhia aérea, que estava "financeiramente saudável", numa altura em que havia uma incompatibilidade insanável entre a CEO e a administradora em questão. Lembrando a coincidência do calendário eleitoral, o ex-ministro diz que o seu "bom nome volta a ser posto em causa em plena campanha eleitoral", como aconteceu "há seis meses", mas disponibiliza-se para colaborar: "Quem não deve não teme", atira.

Numa publicação nas redes sociais intitulada "Os políticos não são todos iguais", o agora deputado do PS mostra-se convicto de que "não foi cometido qualquer crime" por si ou pelos membros do seu gabinete e do governo de que fez parte. "Enquanto ministro, fiz aquilo que tinha de fazer", explica, enquadrando a relação de "irremediável incompatibilização" que havia entre Alexandra Reis e a então CEO Christine Ourmières-Widener: "O normal era uma delas sair".

A partir daí, continua, foi dada autorização à CEO para iniciar o processo de substituição, processo esse onde a TAP foi assessorada "por uma das maiores sociedades de advogados do país" - a SRS Legal, sociedade fundada por Pedro Rebelo de Sousa, onde já foi constituído um arguido. Do lado de Alexandra Reis estava "outra grande sociedade de advogados".

Segundo Pedro Nuno Santos, o processo foi deixado nas mãos dos advogados de ambas as partes e, quando deram a negociação por concluída, o ministro limitou-se a dar "anuência política". "Obviamente que parti do pressuposto de que a solução que a empresa apresentou era legal. Autorizei o fecho porque, apesar do elevado valor da indemnização, era pior manter uma situação de conflito dentro da comissão executiva. Claro que se soubesse que a indemnização era indevida, essa autorização nunca tinha sido dada", escreve.

Na mesma publicação, Pedro Nuno Santos pede "celeridade" ao Ministério Público, lembrando que o caso da indemnização indevida já foi muito escrutinado, tanto numa comissão parlamentar de inquérito "que durou vários meses", como através de uma investigação da IGF. "O Ministério Público está a fazer o seu trabalho no âmbito de uma investigação aberta em janeiro de 2023. Só desejo que possa ser concluído com a maior brevidade, para que fique definitivamente clara a minha participação neste dossiê, que tanto dano já me causou", conclui.

Esta terça-feira, o Ministério Público anunciou que estava a fazer buscas na TAP e no escritório de advogados (SRS Advogados) que assessorou a companhia aérea naquele dossiê. Como o Expresso escreveu, a PJ quer aceder aos emails de Pedro Nuno Santos, que, para já, não é considerado suspeito no caso.

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