Política

Montenegro será “corresponsável pelos incidentes de ódio que possam acontecer”, diz Carneiro

José Luis Carneiro, Secretário-Geral do Partido Socialista, em conferência de imprensa, no Largo do Rato,  em Lisboa. FOTO TM
José Luis Carneiro, Secretário-Geral do Partido Socialista, em conferência de imprensa, no Largo do Rato, em Lisboa. FOTO TM
TIAGO MIRANDA

“A primeira marca deste Governo foi dar à extrema-direita uma inimaginável vitória política e cultural”, escreve o secretário-geral do PS num artigo de opinião. “Não tinha de ser assim”, diz Carneiro

O fim do “não é não” a recusa de Luís Montenegro em estabelecer aproximações e alianças ao Chega é “um erro grave, com consequências muito graves”, alerta José Luís Carneiro, num artigo de opinião na edição deste domingo, 20 de julho, do jornal Público.

Referindo-se especificamente às alterações às leis que regulam a imigração, o secretário-geral do Partido Socialista acrescenta que estas terão “graves consequências no país e nas nossas relações com os países de expressão portuguesa” e que o primeiro-ministro torna-se, assim, “corresponsável (…) pelos incidentes de ódio que possam vir a acontecer.”

Para o líder do PS, as alterações às leis da imigração um "grave retrocesso civilizacional, que impedem o reagrupamento familiar e prejudicam a integração dos imigrantes, e que atentam contra os direitos humanos e contra a Constituição foram feitas “de mãos dadas com o Chega com total desprezo pelo papel das entidades que poderiam, e deveriam, emitir parecer num assunto de tamanha sensibilidade”.

“O ‘não é não’ tão repetido na campanha eleitoral passou à História. A primeira marca deste Governo foi dar à extrema-direita uma inimaginável vitória política e cultural, que terá graves consequências no país e nas nossas relações com os países de expressão portuguesa. Com essa atitude - lamento dizê-lo - o senhor primeiro-ministro tornou-se corresponsável pelo ambiente inamistoso que os imigrantes começam a encontrar por toda a parte e pelos incidentes de ódio que possam vir a acontecer”, disse.

“O Governo fez e fará as suas escolhas. Mas cabe-lhe explicar porque é que traiu as promessas que fez aos eleitores, entra elas o “não é não”. É um problema do Governo e da AD, mas este é o tempo para o avisar que está a cometer um erro grave, com consequências muito graves”, declara.

Carneiro termina o artigo dizendo que “não tinha de ser assim”: o seu partido estaria disponível para entrar em diálogo com o Executivo para “alcançar no Parlamento a maioria que os eleitores não quiseram dar a ninguém”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate