Política

Cunhado do ministro Leitão Amaro quebra silêncio sobre buscas relacionadas com cartel dos helicópteros

Cunhado do ministro Leitão Amaro quebra silêncio sobre buscas relacionadas com cartel dos helicópteros
MIGUEL PEREIRA DA SILVA

Em defesa da sua “reputação e integridade pessoal”, Ricardo Leitão Machado decidiu, este sábado, prestar esclarecimentos sobre um dos casos que marcou a semana informativa: as buscas da PJ por suspeitas de corrupção em concursos para aquisição de helicópteros

Foi uma das notícias da semana. A Polícia Judiciária (PJ) realizou dezenas de buscas nas instalações do Estado-Maior da Força Aérea e em empresas de meios aéreos. Em causa suspeitas de viciação das regras de contratação pública, ao longo dos últimos anos, na adjudicação de meios aéreos a empresas privadas para combate a incêndios rurais.

Acontece que, o caso envolve uma empresa com ligações ao cunhado e ao irmão do ministro António Leitão Amaro. Falamos da empresa Gesticopter, com sede em Monfortinho, distrito de Castelo Branco.

À SIC, precisamente no dia das buscas, o próprio Ricardo Machado disse "nada temer". Agora, dois dias passados, enviou um comunicado às redações devido às “notícias recentemente divulgadas na comunicação social e nas redes sociais que põem em causa a minha reputação e integridade profissional”.

Garantindo que “não foi alvo de qualquer busca domiciliar nem tao pouco constituído arguido”, assim como as empresas que gere: Gestifly e Gesticopter, Ricardo Leitão Machado presta alguns esclarecimentos sobre o caso.

“Adquiri a maioria do capital da empresa Gestifly em 22 de junho de 2023. Na altura, a Gestifly enfrentava sérias dificuldades financeiras e tinha acabado de ser selecionada para três contratos públicos de aquisição de serviços de disponibilização e locação de meios aéreos para o dispositivo aéreo do DECIR de 2023. Não tivemos qualquer intervenção na elaboração das propostas e negociação dos contratos anteriores à nossa entrada no capital da Gestifly”, lê-se no documento.

A entrada no sector do helitransporte acontece, escreve, “através da Gestifly, em 22 de Junho de 2023”.

E após “a aquisição da maioria do capital da Gestifly, investimos na contratação de uma equipa profissional no sector da aviação, procurando tornar a empresa numa referência do helitransporte, com planos de crescimento orgânico neste tipo de negócio, através da criação e desenvolvimento da empresa Gesticopter no sentido de fazer crescer este negócio”.

Feitos estes esclarecimentos, o cunhado do ministro da Presidência confirma as buscas e, vinca, que as autoridades contaram com “total colaboração da Gestifly e Gesticopter”.

Agora, termina, “aguardaremos serenamente o desenvolvimento das investigações”.

Dezenas de buscas por suspeitas de corrupção

A PJ realizou dezenas de buscas nas instalações do Estado-Maior da Força Aérea e em empresas de meios aéreos. Há suspeitas de viciação das regras de contratação pública, ao longo dos últimos anos, na adjudicação de meios aéreos a empresas privadas para combate a incêndios rurais.

No decurso da operação "Torre de Controlo", que investiga o esquema que terá lesado o Estado em cerca de 100 milhões de euros, várias pessoas singulares e coletivas foram constituídas arguidas.

De acordo com a PJ, as autoridades cumpriram 28 mandados de busca e apreensão "em domicílios, sedes de sociedades comerciais e de contabilidade e, ainda, em organismos públicos", nos distritos de Lisboa, Beja, Faro, Castelo Branco, Porto e Bragança.

As autoridades suspeitam que as empresas de meios aéreos atuaram numa lógica de cartel. Ou seja, impunham requisitos especiais e inflacionavam os valores exigidos para forçarem o Estado a ceder e a fazer contratos por ajuste direto.

"Estes concursos públicos incidem na aquisição de serviços de operação, manutenção e gestão da aeronavegabilidade dos meios aéreos próprios do Estado, dedicados exclusivamente ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), com a intenção de que o Estado português fique com carência de meios aéreos e, dessa forma, se sujeite aos subsequentes preços mais elevados destas sociedades comerciais", indica o comunicado.

Em causa podem estar crimes como corrupção ativa e passiva, burla qualificada, abuso de poder, tráfico de influência, associação criminosa e fraude fiscal qualificada.

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