“Tentativa clara de pressão”: Sindicato dos Jornalistas condena sugestão de Hugo Carneiro para investigar registos telefónicos de jornalista
TIAGO PETINGA
Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas considera que as declarações do deputado do PSD são “tentativa clara de pressão que ameaça a liberdade de imprensa”
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) condenou esta quinta-feira as palavras de Hugo Carneiro, deputado do PSD, que sugeriu que as autoridades revelassem “fontes de informação jornalística que divulgaram clientes da empresa familiar do primeiro-ministro”, exigindo que “que haja uma investigação sobre quem foi a fonte de jornalistas”.
“É uma tentativa clara de pressão que ameaça a liberdade de imprensa”, pode ler-se na nota divulgada. “Atacar as funções dos jornalistas é indigno de um representante político. O SJ, repetimos, condena este condicionamento do escrutínio aos poderes públicos.”
O Sindicato “recorda o deputado do PSD” que “o que está sobre sigilo são as fontes de jornalistas ao cobrir temas de inegável interesse público”, sublinhando que este direito está consagrado pelo artigo 11.º da Lei n.º 1/99. “O SJ solicita aos deputados e governantes que estudem os preceitos legais que regem a vida em sociedade antes de fazerem declarações que são contrárias à legalidade.”
Hugo Carneiro, em declarações à CNN, Portugal disse que as autoridades “têm outros instrumentos” que lhes permite aceder a registos de chamadas telefónicas. “Quem é que ligou à pessoa que depois fez a notícia? É muito fácil isso”, disse o social-democrata. Horas antes, na rádio Observador também Hugo Soares promete ir “até às últimas consequências” para apurar quem acedeu ao processo de Montenegro. “[Alguém] indevidamente violou a lei e acedeu indevidamente a uma declaração que o primeiro-ministro entregou à Entidade da Transparência e divulgou à comunicação social.”