
A perspetiva de Brito Guterres, investigador na área dos Estudos Urbanos, que enquadra os tumultos
A perspetiva de Brito Guterres, investigador na área dos Estudos Urbanos, que enquadra os tumultos
Jornalista
António Brito Guterres, assistente social de formação e investigador na área dos Estudos Urbanos, conhece como poucos os bairros de que se tem falado esta semana — Cova da Moura, Zambujal e Portela. Lisboeta de gema, nascido em Arroios, tem dedicado a vida e a investigação ao estudo das comunidades mais pobres e excluídas da capital e não se surpreende com a reação explosiva por parte da população, depois do homicídio de Odair Moniz. Diz que esta não só tem raízes circunstanciais, mas sobretudo estruturais. “O tipo de atuação policial que existe [nestes bairros] é sempre muito militarizada”, descreve. A Cova da Moura, por exemplo, é considerada uma Zona Urbana Sensível (ZUS), uma classificação construída pelas forças policiais “com base em critérios sociais, étnicos e culturais” e que, segundo o investigador, permite outro tipo de ação policial, mais musculada, normalmente feita por unidades especiais da polícia, “em que toda a gente é suspeita e a toda a gente pode ser apontada uma arma quando é considerada suspeita”. O mesmo não acontece noutras zonas de Lisboa. Ali, resume, o clima é sempre de “grande tensão”.
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