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Rocha arrasa “Orçamento toranja” e diz que Montenegro “não apresenta provas de querer mudar o país”

Rocha arrasa “Orçamento toranja” e diz que Montenegro “não apresenta provas de querer mudar o país”
PAULO NOVAIS/LUSA

Na abertura do Conselho Nacional da IL, o líder liberal considerou que o Congresso do PSD ainda não trouxe nenhuma novidade para o país. E voltou a colar o PSD ao PS, que juntos vão viabilizar o Orçamento do Estado, afirmando que a diferença está “entre uns fazerem pouco" e “outros fazerem mais um bocadinho” no sentido “errado”

Rocha arrasa “Orçamento toranja” e diz que Montenegro “não apresenta provas de querer mudar o país”

Liliana Coelho

Jornalista

Após uma semana em que saiu em defesa de Luís Montenegro na novela orçamental com André Ventura, o líder da Iniciativa Liberal (IL) passou ao ataque do primeiro-ministro e do Governo, com duras críticas ao Orçamento do Estado para o próximo ano –, cujo sentido de voto do partido só será anunciado na quinta-feira. Na abertura da 43.ª reunião do Conselho Nacional da IL, Rui Rocha falou num OE “toranja”, que mostra o PSD cada vez mais alinhado com o PS e denota falta de “ambição” e do “ímpeto reformista” que o país precisa.

André Ventura não apresenta provas do que diz, Luís Montenegro não apresenta provas de querer mudar o país”, atirou o presidente dos liberais durante a sua intervenção inicial num hotel em Coimbra, onde irá ouvir os conselheiros nacionais sobre o OE2025.

À mesma hora que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, falava aos jornalistas à entrada no último dia do Congresso do PSD, em Braga – admitindo que as eleições autárquicas de 2025 ano terão uma “motivação acrescida” para o partido no poder e estará “empenhado” no Executivo – Rui Rocha atacava, assim, os sociais-democratas em Coimbra. Apesar de não fechar a porta a coligações com o PDS no próximo ano. Esse, aliás, será um dos pontos de discussão da reunião deste domingo, além do OE2025.

Rocha considerou que o Congresso do PSD ainda não trouxe nenhuma novidade para o país. E voltou a colar o PSD ao PS, que juntos vão viabilizar o Orçamento do Estado, afirmando que a diferença está “entre uns fazerem pouco" e “outros fazerem mais um bocadinho” no sentido “errado”.

"Fomos nós, na reentré política em agosto, que no Algarve dissemos, deste Governo e deste Orçamento, atenção, Orçamento toranja, Governo toranja. (…) E agora traduz-se num Congresso cor-de-rosa, a celebrar um Orçamento cor-de-rosa e a falar de um país cor-de-rosa que, na verdade, não existe. É um Congresso que não apresentou, até agora, uma única ideia para o país", começou por assinalar.

“Qual foi a preocupação deste Congresso do PSD, até ao momento?”, questionou, frisando que a “única” foi afirmar que existem diferenças face ao PS e que só conseguiram encontrar duas. A primeira diferença, afirmada por Luís Montenegro, é que este Governo, que tem agora cerca de seis meses, não teve a sucessão de “casos e casinhos” que aconteceram no Governo de António Costa. “Pois aí temos o exemplo da ambição do PSD, é comparar-se com o Governo que teve a maior instabilidade política das últimas décadas”, criticou.

Afirmando que não há uma “divergência política” ou de visão entre os dois partidos, o líder liberal reconheceu, contudo, que o “PSD, de facto, fez mais”: “O PSD fez crescer ainda mais o número de funcionários públicos. O PSD fez crescer ainda mais o número de comissões, de órgãos, de task forces, de observatórios, de equipas de missão. É verdade. E o PSD fez também crescer a despesa corrente", insistiu.

Para Rocha, o seu partido contrasta com o PSD face à “falta de coerência” do Executivo, uma vez que este orçamento “não cobre, nem cumpre o projeto de mudança que o país precisa” e que a AD prometeu em campanha: “A IL esteve do lado certo, coerente, e permanentemente, dizendo que este Governo não tem o ímpeto reformista que o país precisa. Somos a única alternativa alicerçada na confiança, na seriedade e no rigor da proposta para Portugal”, advogou, sublinhando que foi o partido que alertou logo, no início da legislatura, que a prometida “grande descida” de IRS não correspondia à verdade.

“Fomos nós que desmascaramos essa tentativa de enganar os portugueses porque uma parte substancial dessa descida de IRS já estava consumada no orçamento de Estado que vinha do governo anterior”, vincou.

Mostrando-se disponível para ouvir os conselheiros nacionais sobre o Orçamento, Rocha anunciou que só anunciará o sentido de voto da IL na quinta-feira, após uma última reunião do grupo parlamentar. E defendeu que este é um momento em que a o partido tem uma “oportunidade enorme” de afirmação das suas políticas e da sua visão: “Nós queremos um Estado que presta e cumpra as suas funções essenciais, um Estado que tem os polícias, que tem os professores, tem os médicos, tem os enfermeiros, tem os bombeiros necessários para cumprir as suas funções essenciais, queremos um país onde é possível crescer pelo trabalho, onde é possível ter oportunidades, onde o Estado não retira do bolso dos portugueses mais do que é necessário para prover os serviços essenciais e fazê-lo com eficiência”, acrescentou.

Além do OE2025 e das autárquicas, o tema das contas relativas a 2023, que não passaram pelo Conselho Nacional nem o Conselho de Fiscalização, ao contrário do que preveem os estatutos, promete aquecer a reunião do Conselho Nacional.

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